Quem trouxe o pronome neutro para o Brasil?

Perguntado por: epereira . Última atualização: 2 de maio de 2023
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Ministros e outros representantes da nova gestão presidencial usam palavras sem gênero definido para abrigar população LGBTQIA+ Além da saudação tradicional a homens e mulheres, o governo Lula passou a adotar o pronome neutro 'todes' em eventos e cerimônias oficiais.

Presente na maioria das línguas indo-europeias, junto ao masculino e o feminino, o neutro pode ter sido originalmente usado em relação a objetos inanimados, cujo gênero lógico ("real" ou "natural") não pode ser determinado.

Em algumas cerimônias de posse dos novos ministros nesta semana, integrantes do governo Lula usaram o termo "todes", da linguagem não binária, também denominada linguagem neutra. O ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, foi um deles.

“Todes” não é e nunca poderá ser um pronome; simplesmente porque não é considerado assim na estrutura da Língua. Se alguém quiser usar, que use, mas não se admite que um comunicado de um Museu da Língua Portuguesa traga esse corpo estranho; essa invencionice.

A linguagem neutra, também pode ser conhecida como linguagem inclusiva. Ela tem o objetivo de evitar a exclusão de pessoas com base em sua identidade de gênero, sexualidade, ou outros aspectos de identidade.

Foi aprovado em 2º turno, nesta segunda-feira (24/4), o Projeto de Lei 54/2021, do ex-vereador Nikolas Ferreira, que proíbe a denominada linguagem neutra na grade curricular e no material didático de instituições de ensino públicas e privadas, impondo sanções administrativas às que violarem a regra.

Os chamados pronomes neutros, muito embora não sejam aceitos pela norma culta, são um fenômeno que tem o propósito de alterar o idioma para incluir todas as pessoas. Quem defende essa forma de se comunicar adota grafias que desprezam o “A” no gênero feminino e o “O” no gênero masculino.

E quando uma pessoa não se identifica com os padrões de gênero, ou seja, é não-binária, podemos usar os pronomes “elu” ou “delu”. Além dos pronomes, os substantivos e os adjetivos também podem ter a vogal temática substituída.

França

Na França. A discussão sobre a linguagem neutra também se tornou recorrente na França. Aliás, este foi o país que tomou a decisão mais abrangente e dura sobre o tema.

O pronome neutro busca criar uma terceira opção para os pronomes, além do feminino e o masculino, exercendo um papel fundamental na luta das pessoas que não se identificam com nenhum dos gêneros, chamadas de não binárias, que se mostram invisibilizadas pela atual forma que os pronomes se apresentam na nossa língua.

A linguagem neutra, não binária ou inclusiva não é uma imposição dos movimentos feministas ou LGBTQIA +, mas uma tentativa de inclusão de pessoas historicamente marginalizadas. Além disso, a proposta do gênero neutro visa abarcar tanto coletivos quanto pessoas que não encontram lugar no binarismo.

Portanto, se dissermos “bom dia, a todos e todas”, isso equivale a dizer “bom dia a todos e todas e a todas”, pois, no pronome indefinido “todos”, a audiência feminina já está incluída. Ao contrário, “todas” é um pronome indefinido excludente, isto é, que suprime a audiência masculina.

Xixi para todes: espaços adotam banheiros sem gênero no Rock in Rio.

Origem da linguagem neutra
No Brasil, desde 2004 existem registros de esforços sociais para adesão a uma neutralidade de gênero na língua. O uso de "X" ou "@" para neutralizar o gênero gramatical foi o passo inicial para a construção de uma linguagem neutra.