Quem é responsável pelo aumento do preço da gasolina?

Perguntado por: aqueiroz . Última atualização: 2 de fevereiro de 2023
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Os preços dos combustíveis vêm sendo pressionados por uma série de fatores. O primeiro é a retomada do crescimento econômico global em 2021, após um 2020 de contração devido à pandemia da Covid-19. Essa retomada faz aumentar a demanda pela commodity – e consequentemente joga os preços internacionais para cima.

O discurso recorrente de Bolsonaro tem sido culpar os governadores e o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) pela alta nos preços dos combustíveis. Ele usou o Projeto de Lei Complementar (PLP) 18/ 22, do deputado Danilo Forte (União Brasil-CE), para reforçar isso.

Especialistas ouvidos pela BBC News Brasil atribuem o aumento do preço médio dos combustíveis nos postos brasileiros a um ajuste natural do mercado motivado pelo crescimento na demanda e à subida nos valores da gasolina e do diesel vendidos pela refinaria privada de Mataripe, na Bahia, responsável por cerca de 14% da ...

De forma resumida, o aumento nos combustíveis tem vários fatores: dependência de importação, política de preços adotada, aumento do preço do barril de petróleo, aumento do câmbio (dólar), reajustes às distribuidoras, entre outros.

Exploração e Produção. Para obter o petróleo, é preciso perfurar os poços produtores, instalar plataformas marítimas, construir gasodutos e oleodutos que escoarão o óleo cru. O custo dessa exploração e da produção é medido em dólar, segundo especialistas ouvidos por Aos Fatos.

Na gasolina, economistas estimam que o combustível vendido pela estatal representa cerca de 33% do preço, então a alta de quase 19% nas refinarias deve resultar em aumento de 6,2% na bomba. Em muitos postos de combustível em algumas regiões do país, a gasolina já está sendo vendida acima dos R$ 7 por litro.

A política de preços da Petrobras é o modo como a estatal altera o preço dos combustíveis vendidos em suas refinarias. Em 2016, essa política passou por alterações durante o governo do ex-presidente Michel Temer (MDB), quando passou a fazer uso do Preço de Paridade de Importação (PPI) para a definição de reajustes.

1 – A guerra tem tudo a ver com o preço do petróleo
Para se ter uma ideia, o valor do barril do tipo brent (óleo cru, antes do refino, extraído nos mares do norte da Europa) passou de US$ 95 no dia 21 de fevereiro para US$ 106 no dia 14 de março. No dia 8 de março, o preço fechou em quase US$ 128 – alta de quase 35%.

Essa variação de preços se deve aos aumentos praticados pela Petrobras, que tem aumentado o preço da gasolina de acordo com a cotação do barril de petróleo no mercado internacional.

Mas a privatização só foi concretizada no fim do governo de Carlos Menem, em 1999. O primeiro passo desse processo foi a transformação da YPF de uma empresa estatal para uma de sociedade anônima com capital aberto.

Os combustíveis derivados de petróleo são commodities e têm seus preços atrelados aos mercados internacionais, cujas cotações variam diariamente. Em um ambiente de economia aberta e liberdade de preços a Petrobras enfrenta a concorrência dos importadores de combustíveis, cujos preços acompanham o mercado internacional.

A atual política de preços da petroleira, na qual se baseiam todos os reajustes recentes, surgiu em 2016, na época do governo de Michel Temer (MDB). Na época, o presidente da Petrobras era Pedro Parente.

A Petrobras usa o Preço de Paridade de Importação (PPI) para definir o valor que cobrará dos distribuidores. Ele considera o preço dos combustíveis praticado no mercado internacional, os custos logísticos de trazê-los ao Brasil e uma margem para remunerar os riscos da operação.

Isso acontece porque o processamento dos combustíveis é uma atividade de menor risco que a exploração de petróleo. Uma refinaria é uma operação industrial, planejada a partir de uma demanda de mercado que é conhecida. A produção de petróleo é mais incerta e arriscada, por isso a margem de lucro é maior.

A Petrobras é uma estatal autossuficiente em produção de petróleo, mas segue os preços internacionais porque não tem condições de transformar todo o petróleo em gasolina e diesel. O Brasil não possui capacidade de refino, por isso precisa exportar petróleo bruto e importar petróleo refinado.

Isso acontece porque o petróleo nacional, mais denso e mais barato, o torna ideal e muito utilizado para fabricar asfaltos no exterior. Assim, a Petrobras exporta o petróleo excedente e importa o óleo leve para fazer a mistura.

Mas por que, então, a gasolina varia tanto de país para país? "O preço varia de acordo com o câmbio da moeda local para o dólar, e no momento o real está muito desvalorizado em relação ao dólar", diz Canêdo, "e de outros fatores como a lógica tributária e as políticas de subsídios de governos nacionais."

Aumento de preços
Conforme aponta o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre), a alta dos combustíveis terá impacto de 0,14 de ponto percentual no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), sendo diluída em Junho e Julho.

A Petrobras irá aumentar o preço dos combustíveis nas refinarias a partir de quarta-feira, 25. O preço médio passa de 3,08 reais para 3,31 reais, uma alta de 23 centavos ou 7,46%. Esse é o primeiro aumento nos preços da gasolina desde junho de 2022. Na ocasião, a petroleira subiu os preços em 5,18%.

O valor mais alto encontrado nesta semana foi de R$ 7,67. O combustível foi o único a ver seu preço aumentar em 2022 frente ao ano anterior: a alta foi de 23,1%.