Quantas pessoas morreram no Holocausto brasileiro?

Perguntado por: usales . Última atualização: 5 de fevereiro de 2023
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O que se praticou no Hospício de Barbacena foi um genocídio, com 60 mil mortes. Um holocausto praticado pelo Estado, com a conivência de médicos, funcionários e da população. Daniela Arbex é uma das jornalistas mais premiadas de sua geração.

Manicômio de Barbacena

O complexo manicomial conhecido por Cidade dos Loucos foi fundado em 12 de outubro de 1903, em Barbacena, Minas Gerais.

Em 1961, o fotógrafo Luis Alfredo, da revista O Cruzeiro, foi o primeiro a divulgar os horrores que aconteciam no hospital, através das suas fotos. Os pacientes internados eram submetidos a todo tipo de tortura: eram violentados, passavam frio e fome. Nem roupas eram fornecidas para os pacientes, que andavam quase nus.

Atualmente, desses sete hospitais, só três estão em funcionamento. Foi edificado em terras da Fazenda da Caveira, propriedade de Joaquim Silvério dos Reis, inicialmente como um hospital para tuberculosos e depois como hospital psiquiátrico.

Embora, por lei, hospícios sejam proibidos, especialistas afirmam que estes espaços ainda operam em todo o país. 'Nossa luta é pelo cuidado em liberdade'. O direito à dignidade das pessoas em tratamento de problemas mentais é a bandeira da luta antimanicomial no Brasil, celebrada nesta segunda-feira (18).

Cerca de 60.000 internos morreram de fome, frio ou diarreia durante nove décadas até o fechamento nos anos noventa.

O hospital Colônia de Barbacena foi fechado no fim dos anos 80. Alguns pacientes que sobreviveram à época da barbárie hoje recebem acompanhamento no Centro Hospitalar Psiquiátrico da cidade. Outros foram transferidos para Belo Horizonte.

O que se praticou no Hospício de Barbacena foi um genocídio, com 60 mil mortes. Um holocausto praticado pelo Estado, com a conivência de médicos, funcionários e da população.

O Hospital Federico Mora tem cerca de 340 pacientes, incluindo 50 criminosos violentos e com problemas mentais.

Em geral, eram recolhidos às enfermarias da Santa Casa de Misericórdia ou à cadeia pública, de onde não saíam senão mortos. Encarcerados em cubículos fétidos e estreitos, muitos passavam os dias acorrentados. Já os submetidos à tutela de instituições religiosas, não raro, sofriam sanções físicas punitivas.

Foi a reforma psiquiátrica (Lei 10.216, de 2001), que teve como marca registrada o fechamento gradual de manicômios e hospícios que proliferavam país afora. A Lei Antimanicomial, que promoveu a reforma, tem como diretriz principal a internação do paciente somente se o tratamento fora do hospital se mostrar ineficaz.

Auschwitz

Isso porque Auschwitz foi o maior campo de extermínio dos nazistas e responsável por, aproximadamente, 1,2 milhão de mortes. Foi o campo conhecido por receber judeus de diferentes partes da Europa (os outros campos de extermínio ficaram marcados por terem recebido maior número de judeus poloneses).

Andor Stern (Único brasileiro nato sobrevivente do Holocausto vivo em 2018). Pavel Egrt, parente de David Egert, sobreviveu a três campos de concentração e viveu no Brasil até sua morte em 1987.

Andor Stern

Andor Stern era judeu e nasceu em São Paulo em 1928 e sobreviveu aos campos de concentração de Auschwitz e Dachau durante a Segunda Guerra Mundial. Considerado o único brasileiro nato sobrevivente do Holocausto na Alemanha, Andor Stern morreu nesta quinta-feira (7) em São Paulo.

Em geral, além de doentes mentais, o Manicômio de Barbacena tinha como alvo indivíduos que desviavam dos padrões desejados pela sociedade elitista brasileira, como prisioneiros políticos, homossexuais, indigentes, prostitutas, pobres e minorias étnicas, sendo que praticamente 70% dos pacientes não apresentavam ...

Na tragédia brasileira de Barbacena, os pacientes internados à força foram submetidos ao frio, à fome e a doenças. Foram torturados, violentados e mortos. Seus cadáveres foram vendidos para faculdades de medicina, e as ossadas comercializadas.

Hospício de Pedro II

Inaugurado em 1852 para abrigar os alienados da Corte e demais províncias do Império, o Hospício de Pedro II foi a primeira instituição dessa natureza a funcionar no Brasil.

O Bethlem Royal Hospital foi o primeiro hospital psiquiátrico, fundado em 1247 em Londres. Era famoso pela forma desumana como tratava os doentes e permitia que visitantes "pagantes" assistissem a "espetáculos" protagonizados pelos internos, como um verdadeiro circo de horrores.

Pedro II o decreto da fundação do primeiro hospital psiquiátrico do Brasil. Essa casa, quase secular, que acolhe de braços abertos todos os infelizes que perderam a razão, precisa não ficar votada ás sombras do esquecimento. Rememoremos, pois, a sua história.