Qual é o significado de Macunaíma?

Perguntado por: upadilha . Última atualização: 20 de maio de 2023
4.1 / 5 9 votos

Muitos mitos desse povo também estão presentes no livro, como a origem do nome Macunaíma, que significa o “grande mal”.

Macunaíma: é o protagonista do livro, podendo ser considerado um anti-herói. É um índio negro cujas características mais fortes são ser preguiçoso e ninfomaníaco. Em um momento da narrativa, mergulha num poço encantado e se transforma em um homem branco, loiro e de olhos azuis.

Macunaíma, o herói do nosso povo, possui uma marca lingüística, a famosa frase “Ai! que preguiça!...” “Ai, que preguiça” – uma só frase, duas culturas, dois idiomas, uma onomatopéia e um pleonasmo.

As aventuras do “herói de nossa gente” podem ser por vezes engraçadas, mas a moral da história é amarga. Aliás, achar graça na malandragem também é um vício brasileiro. Macunaíma é “o herói sem nenhum caráter”.

Macunaíma, o filme, é uma síntese do Brasil, é a representação de uma nação em busca do próprio caminho. E o caminho para isso é mostrado por meio de seus costumes, de seu folclore, de sua natureza e também de suas contradições.

O novo filme de Miguel Antunes Filho, “Filhos de Macunaíma”, é uma provocação política que se permite existir pela configuração daqueles corpos antes a reestruturação do governo. Seu título surge em meio a oposição estatal à cultura e o nacionalismo tóxico crescente.

Retrato do povo brasileiro
Há inúmeras referências ao folclore brasileiro. A narrativa se aproxima da oralidade – no capítulo “Cartas pras Icamiabas”, Macunaíma ironiza o povo de São Paulo, que fala em uma língua e escreve em outra. Além disso, não existe verossimilhança realista.

Quando Mário de Andrade criou Macunaima e o chamou de herói sem nenhum caráter, na verdade, ele faz um retrato das características do povo brasileiro, da mistura de raças, da riqueza folclórica e, principalmente, da espontaneidade do povo, tendo de se valer de um jeito malandro para se sobressair de situações difíceis.

Macunaíma é uma das obras mais importantes do modernismo brasileiro, ela representa o movimento e condensa muitas das ideias consideradas centrais pelos vanguardistas! Publicada em 1928, o livro foi escrito por Mário de Andrade, um dos principais artistas na organização da Semana de Arte Moderna de 1922.

Com uma narrativa que trata o tempo e o espaço de maneira arbitrária, Macunaíma mescla mitos, narrativas orais e tradições, numa projeção mais crítica da relação entre Literatura, História e Sociedade, algo já esboçado na busca pelo nacionalismo no século XIX.

E Macunaíma, o protagonista, caracteriza-se como um herói sincrético, inclusive, no próprio quesito religião já que não está intimamente vinculado a nenhuma delas, utilizando-se de símbolos e elementos sagrados de variadas crenças e participando também de rituais diversos.

Lembram-se do que Macunaíma fez no final para se tornar o herói ideal, representante do povo brasileiro? Ele tomou um banho! Isso mesmo, um banho, ele se lavou. O ato que universalmente significa purificação e limpeza foi o que Macunaíma fez para tornar-se branco no capítulo V do livro.

No final da obra, o herói chega ao Uraricoera e acaba ficando triste após ver a maloca da tribo em pedaços. Então, uma sombra leprosa acaba devorando Maanape e Jiguê. Macunaíma acaba ficando sozinho.

Ele é um anti-herói, que não tem compromissos com a sociedade, é individualista, tem caráter, é preguiçoso, fora-da- lei. Talvez essa seja a resposta pela pouca repercussão que teve. Retomamos o conceito de Jung que diz que o herói deve ser exaltado até a identificação dele, através de música, da dança.

Após o falecimento da mãe, Macunaíma decidiu ir embora para a cidade com seus irmãos Maanape e Jiguê. Eis que, no percurso, conhece a índia Ci (chamada de “Mãe do Mato”), por quem acaba se apaixonando e que vem a se tornar seu único amor.

O tema central de Macunaíma é a busca de Muiraquitã, que pode ser interpretada como a busca da própria identidade nacional. Se interpretada dessa forma, o leitor pode concluir que Mário acreditava que, através das lendas, dos folclores, das composições populares regionais, encontrava-se o melhor caminho para achá-la.

Cabe sobretudo a Macunaíma, por ter o poder de alterar a si, ao outros seres e ao ambiente, a fundação da (nova) identidade nacional fixada pelo livro homônimo. Já as metamorfoses presentes no processo narrativo abordam outras mudanças, como as da voz narrativa, que afastam o texto da tradição literária brasileira.

Ele toma banho em uma água mágica e sua pele fica branca, os olhos azuis e os cabelos loiros. Jiguê também decide se banhar na piscina natural, mas como o irmão já tomou banho nela, o máximo que ele consegue é obter a cor do bronze. Maanape fica com o restinho da água e só molha a palma das mãos e dos pés.

Mas não é só isso que faz a grandeza dessa obra-prima, o romance rapsódia Macunaíma - O herói sem nenhum caráter, que o modernista Mário de Andrade (1893-1945) publicou em 1928, há 90 anos.

O escritor criou um anti-herói marginal que nasce com preguiça na Amazônia e apronta tantas traquinagens que acaba abandonado pela mãe. Macunaíma é erotizado e, a todo custo, busca prazeres sexuais.