Qual é o problema enfrentado pelos grupos quilombolas e quais são as suas causas?

Perguntado por: imoura . Última atualização: 2 de junho de 2023
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Uma das questões mais atuais da resistência dessas comunidades é a luta pelo território. No Brasil, o número de quilombos titulados é baixo. Quilombolas enfrentam ameaças do agronegócio, da especulação imobiliária e do próprio poder público.

Além de expostos à contaminação pelo vírus, esses grupos têm suas atividades econômicas e estilos de vida diretamente afetados pela pandemia. Um dos motivos para isso é a falta de acesso dessas populações aos próprios territórios, o que dificulta, por exemplo, o plantio de alimentos.

Dificuldade de acesso a bens e serviços, predominância de doenças-crônicas, ganho de peso e um atendimento pontual e curativista são alguns dos fatores que permeiam esse grupo populacional.

A questão agrária segue como a maior luta das/os quilombolas que têm seus territórios como espaços fundamentais de vida, produção, luta e resistência, ao mesmo tempo em que ainda é o maior desafio e motivo de conflitos.

As comunidades e povos tradicionais enfrentam problemas de habitação, falta saneamento, luz elétrica e vias de acesso aos seus locais de moradia.

As populações quilombolas, em geral, dependem da agricultura para sobreviver. Sem poder sair para vender seus produtos, têm sofrido também com insegurança alimentar, já que grande parte não conseguiu o auxílio emergencial do governo federal.

As comunidades quilombolas são grupos étnicos – predominantemente constituídos pela população negra rural ou urbana –, que se autodefinem a partir das relações específicas com a terra, o parentesco, o território, a ancestralidade, as tradições e práticas culturais próprias.

O processo de perseguição ao Quilombo dos Palmares acentuou-se com a expulsão dos holandeses. Em 1670, os portugueses passaram a atacar as aldeias sistematicamente. Em 1694, o quilombo foi destruído, com a morte de seu último rei, Zumbi.

Comunidades tradicionais historicamente ocupam territórios ameaçados pelo setor agropecuário, pelo garimpo, pelo desmatamento ou pela exploração desenfreada da fauna, flora e recursos hídricos.

Conflitos relacionados a disputas pela posse, ocupação e exploração da terra são a principal causa da violência praticada contra populações indígenas e comunidades tradicionais no Brasil na última década.

Possuem pouco acesso a redes de telefone e internet em seus territórios, quando nenhum, o que prejudica por exemplo o acesso a alguns dos auxílios que vem sendo distribuídos. Além disso, apresentam fragilidades quanto ao acesso ao Sistema Único de Saúde, que já se encontra bastante vulnerável nacionalmente.

Além disso, este impacto na flora e nas reservas d'água pode acelerar a desertificação da região, já que, associada ao desmatamento, a diminuição da vegetação pode ocasionar a desagregação do solo e a perda da cobertura orgânica da superfície, permitindo o avanço do solo de predominância arenosa.

Desafios e ameaças
Os relatos feitos a partir dos territórios confirmam que a terra, água, floresta – lugares da vida destes povos – estão sob ameaças. As intimidações advém do capital especulativo: agronegócio, do monocultivo, da mineração, do garimpo, das madeireiras e da exploração imobiliária.

Ainda hoje existem comunidades quilombolas que resistem à urbanização e tentam manter seu modo de vida simples e em contanto com a natureza, vivendo, porém, muitas vezes em condições precárias devido à falta de recursos naturais e à difícil integração à vida urbana e não tribal.

O território dos remanescentes de quilombo é utilizado para garantir a sua reprodução física, social, econômica e cultural, pois é nele que acontecem os conflitos, as relações sociais, as paixões humanas, além de ser um elemento base na formulação de políticas voltadas para estes atores sociais.