Qual é o papel do xamã no ritual indígena?

Perguntado por: ralegria . Última atualização: 5 de fevereiro de 2023
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Os xamãs, diplomatas ou tradutores, como diz a antropóloga Manuela Carneiro da Cunha, são os responsáveis pelo arriscado trânsito de almas para além dos corpos. Um homem comum pode, na doença por exemplo, ver a gente-sucuri em suas casas (que sadio ele veria como o rio) e ser seduzido por uma bela mulher-sucuri.

O xamã, dentro do xamanismo de sociedades caçadoras-coletoras, atua como mediador dos espíritos, acessando o mundo espiritual e realizando trocas com a finalidade de garantir a caça ao grupo.

O termo Xamanismo, criado por antropólogos, é uma conjuntura que compõe todas as práticas ancestrais que mantêm relação com o sagrado, divindades, espíritos, e estados alterados de consciência.

As festas ritualísticas não são exclusividade Krahô. Ao contrário, fazem parte da tradição dos nossos povos ancestrais, e são mantidas como forte expressão cultural. Alguns exemplos são o Padi (Festa do Tamanduá Bandeira), dos Xerente, e a Festa do Mel, do dos Karajá.

O ritual xamânico pressupõe a presença de um líder com maior conexão espiritual conhecido como xamã. Uma pessoa que apresenta um estado expandido de consciência, demonstrando, assim, poderes que normalmente não possui. Por exemplo, a comunicação com espíritos por meio de instrumentos próprios destes rituais.

O xamanismo é uma prática que passa de pai para filho. Só o homem pode se tornar pajé, se ele tiver mais de um filho, só um terá o chamado. Já nasce com o dom, diferente dos outros, o que é percebido pelo pajé porque a criança tem medo, evita certas comidas, possui um olhar diferente, tem sonhos e fala quando dorme.

44 ou 'vitória entre os dedos'
Um parceiro e um rival de batalhas viraram grandes amigos de Xamã. Major RD e MC Guerra também tatuaram nas mãos um “44”, que sela a parceria do trio. “Esse quatro-quatro representa a vitória entre os dedos, sempre V, V e V. Verso, verdade e vida, vitória sempre, sempre vitória”, explica.

No contexto indígena brasileiro, o pajé corresponde à imagem do xamã. Proveniente do tupi, esta palavra substituiu no nosso idioma a expressão 'xamã'. Mas as práticas são as mesmas, com algumas variações culturais.

Para descobrir seu Animal de Poder, é necessário o auxílio de um mestre xamã, porque ele facilita e confirma o encontro da pessoa com esse toten e a guia em toda a jornada de descobrimento.

Para a aldeia, o pajé exerce a função de curandeiro e conselheiro. Acredita-se que os pajés tenham conexões sobrenaturais com os espíritos da natureza. Também é conhecido como Xamã. Ou seja, pajé e xamã significam, na prática, a mesma coisa.

Fabrício Stofel, empresário, produtor e comunicador, está há mais de 10 anos no mercado brasileiro. Além de ser executivo de uma gravadora e trabalhar com o famoso rapper Xamã, ele agora será empresário do ramo do entretenimento.

O pajé ou pagé é uma pessoa de destaque em certos povos indígenas da América do Sul. São curandeiros, tidos como portadores de poderes ocultos, ou orientadores espirituais.

As religiões dos povos indígenas do Brasil são politeístas, cultivam muitas entidades e não há a adoração a uma única divindade. Também não há dogmas ou um conjunto de doutrinas registradas em livros sagrados, como a Bíblia.

Os indígenas praticam vários rituais, cujas celebrações evocam períodos da caça, colheita, pesca etc., rito de cura do corpo, proteção contra maus espíritos e a busca pela ordem e movimento são elementos constitutivos dos rituais.

Já os rituais fazem o caminho inverso: contam ou recriam o mito, promovendo a interação de divindades, homens, animais e plantas. As populações indígenas acreditam que essa interação é indispensável. Por isso, a maioria dos rituais indígenas são uma celebração das diferenças.

A pintura corporal indígena tem grande importância e seu significado é muito amplo, podendo ir da simples expressão de beleza e erotismo à indicação de preparação para a guerra ou, até mesmo, como uma das formas de aplacar a ira dos demônios.

Ao longo do ano, ocorrem várias festas e rituais para celebrar a colheita, o crescimento das crianças, os antepassados. Como parte da tradição dos indígenas do Tocantins, as festas ritualísticas são mantidas como forte expressão cultural.

Hoje, ainda vivendo uma vida urbana, eles dedicam boa parte da rotina a rituais xamânicos com o uso da ayahuasca. A bebida tem como princípio ativo o alcaloide dimetiltriptamina (DMT), uma substância encontrada naturalmente na chacrona e em diversas plantas e animais, inclusive no nosso próprio fluido cerebral.