Qual a cidade que passa mais fome no Brasil?

Perguntado por: earruda7 . Última atualização: 1 de maio de 2023
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São Paulo

Um estudo divulgado pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan), nesta quarta-feira (14), detalhou a situação da fome pelos estados brasileiros. Em números absolutos, São Paulo lidera com 6,8 milhões de pessoas famintas.

Na distribuição geográfica da fome, o Norte e o Nordeste são as regiões mais impactadas (71,6% e 68% respectivamente). São indicadores maiores que a média nacional (58,7%), sendo realidade diária para 25,7% das famílias no Norte e 21% no Nordeste. O campo também enfrenta a fome.

Destes estados, seis ficam no Nordeste – Alagoas, Piauí, Sergipe, Maranhão, Ceará e Pernambuco – e quatro na região Norte – Amapá, Pará, Amazonas e Roraima. Este último foi o único onde Jair Bolsonaro (PL) recebeu mais votos. Todos os estados mencionados têm índices de insegurança alimentar grave acima de 22%.

Maranhão é o Estado

Segundo o IBGE, o Maranhão é o Estado do Brasil com a maior proporção de pessoas em estado de extrema pobreza. Sendo que, 8,4% dos extremamente pobres do país moravam aqui no Maranhão, em 2021.

O levantamento estatístico aponta que a região Nordeste concentra um valor proporcional a 47,9% da concentração da pobreza no Brasil. Em seguida, também com índice alto, vem a região Norte, com 26,1%. O Sudeste é a terceira região, com 17,8%.

A principal causa da fome no Brasil é a desigualdade social, onde uma parcela significativa da população não tem condições financeiras para comprar comida.

A densidade demográfica da região Norte é bem menor que a da região Nordeste. Então, acaba que há uma concentração maior de pobres no Nordeste", explana o professor.

O Mapa da Fome da ONU é uma ferramenta importante para avaliar e monitorar a situação alimentar global, identificando países onde a insegurança alimentar atinge níveis alarmantes. Um país entra no Mapa da Fome da ONU quando mais de 2,5% da população enfrenta a falta crônica de alimentos.

O Brasil registrou um aumento de 63% nos índices de fome desde 2004, chegando a 33 milhões de pessoas sem ter o que comer. Segundo especialistas ouvidos pelo Poder360, a alta se dá por um conjunto de fatores, incluindo desmonte de políticas públicas e piora da situação econômica das famílias mais vulneráveis.

“A fome é resultado do desmantelamento de políticas como o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), o Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae), da linha do Programa de Economia Solidária, da retirada dos povos tradicionais dos seus territórios, que perdem a sua capacidade de produzir alimentos.

No total, 33,1 milhões de pessoas foram impactadas pela fome no país. Aqueles que se enquadram em determinados recortes de raça e gênero estão mais vulneráveis. Os lares chefiados por mulheres negras representam 22% dos que sofrem com o problema, quase o dobro em relação aos liderados por mulheres brancas (13,5%).

Em 2022, 14 estados apresentaram taxa de extrema pobreza acima da brasileira. As mais elevadas foram estimadas no Maranhão (15,9%), no Acre (14,7%) e em Alagoas (14,1%). As taxas de pobreza com maior proporção estão no estado do Maranhão (57,90%), Amazonas (51,42%), Alagoas (50,36%) e Pernambuco (50,32%).

Os nove estados que ainda tiveram taxas de pobreza acima de 50%, mesmo com a redução frente a 2021, foram os seguintes: Maranhão (58,9%), Amazonas (56,7%), Alagoas (56,2%), Paraíba (54,6%), Ceará (53,4%), Pernambuco (53,2%), Acre (52,9%), Bahia (51,6%) e Piauí (50,4%).

O país havia saído do Mapa da Fome da Organização das Nações Unidas (ONU) em 2014, por meio de estratégias de segurança alimentar e nutricional aplicadas desde meados da década de 1990.