Porque uma guerra comercial entre EUA e China pode impactar a economia brasileira?

Perguntado por: rdias . Última atualização: 28 de fevereiro de 2023
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Os resultados revelaram que haveria aumento na produção de soja e aço no Brasil e redução nos demais setores. Também haveria déficit na balança comercial em todos os setores, exceto de soja e de aço, e o Brasil seria beneficiado em termos de ganhos de bem-estar, principalmente, em função dos ganhos dos termos de troca.

Resposta. A guerra comercial pode gerar um aumento na balança comercial brasileira. Na prática, isso significa que algumas commodities brasileiras podem passar por um efeito de supervalorização (por conta da escassez de matérias-primas).

Em 2021, a corrente de comércio entre os dois países estabeleceu um novo recorde no comércio bilateral no valor de US$ 70,5 bilhões, com forte concentração nas atividades da indústria de transformação, e o Brasil acumulou um déficit na balança comercial em relação aos EUA de US$ 8,3 bilhões (Amcham 2022).

Exportação de produtos agrícolas para a China
Uma pesquisa feita pela CNI comparou produtos americanos taxados pela China e pelos EUA com o comércio desses bens pelo Brasil. O resultado mostra que alguns setores produtivos brasileiros aumentaram suas vendas em decorrência da guerra comercial.

A guerra comercial pode gerar um aumento na balança comercial brasileira. Na prática, isso significa que algumas commodities brasileiras podem passar por um efeito de supervalorização (por conta da escassez de matérias-primas).

Consequências gerais da guerra comercial no mundo
Redução do PIB e crescimento econômico mundial. Polarização, causada pelo apoio a uma nação em detrimento da sua rival. Ameaças à ordem internacional de comércio, por causa da quebra de regras estabelecidas em acordos da Organização Mundial do Comércio (OMS)

Na verdade, fica claro que tanto os Estados Unidos quanto a China querem proteger e valorizar as suas economias. Nesse sentido, as altas taxas impostas em alguns produtos fabricados pelos dois países (como o aço) representam uma forma de valorização dos bens de consumo em cada uma das nações citadas.

Os motivos para essa disputa comercial estão profundamente enraizados na transformação cenário econômico global em relação a uma relativa mudança de poder entre as principais economias, na qual a ascensão econômica da China e a queda no crescimento dos EUA desempenharam um papel crucial.

Em 2011, quando o Brasil bateu o recorde de exportação de US$ 256 bilhões, o Vietnã exportou US$ 96,9 bilhões (o Brasil exportou 2,6 vezes mais). Mas entre 2016 e 2018 os dois países exportaram, aproximadamente, o mesmo valor.

O país vem se tornando cada vez mais importante para a economia do Brasil quando se leva em consideração que é o principal destino das exportações brasileiras, movimentando cerca de US$ 35 bilhões por ano, segundo Nakagawa. Em seguida, vêm Estados Unidos e a União Europeia, movimentando entre US$ 27 e US$ 28 bilhões.

As relações comerciais brasileiras com os Estados Unidos se intensificam, tornando os EUA um dos principais parceiros comerciais do Brasil, modificando a conduta brasileira que até então era de maior proximidade comercial com a Europa.

Em 2011, a China foi o principal país de destino das exportações brasileiras, representando 17,3% do total e a segunda maior origem das importações brasileiras, com uma participação de 14,5%.

Com a imposição de barreiras tarifárias entre os países de Donald Trump e Xi Jinping, as maiores economias do mundo devem apostar nas compras de outros parceiros, como o Brasil. Isso pode aumentar as vendas no curto prazo de setores da indústria e da agropecuária para as duas nações.

A República Popular da China e os Estados Unidos são parceiros comerciais importantes e têm interesses comuns na prevenção e repressão ao terrorismo e a proliferação nuclear. A China e os Estados Unidos são os maiores parceiros comerciais mútuos, excluindo a União Europeia.

A China se tornou ainda um dos principais parceiros comerciais dos Estados Unidos, uma vez que a maior parcela das importações estadunidenses é oriunda do país asiático. Precisamente 20% de tudo o que os Estados Unidos compram do mercado internacional é de origem chinesa.

Elevação de Commodities
Antes mesmo da guerra o Brasil já enfrentava um cenário de alta de preços de commodities, como combustíveis e alimentos, que foi piorado pelo conflito. Com a redução da disponibilização de petróleo e gás o preço internacional do combustível subiu, afetando o preço da gasolina na bomba.

Efeitos da guerra
Os especialistas ouvidos pelo G1 são categóricos em um ponto: a guerra pode levar a uma escalada de tarifas, aumentar os custos as exportações e gerar um ciclo de diminuição do comércio internacional. Por tabela, isso freia o crescimento econômico global.