Porque o Brasil compra combustível de fora?

Perguntado por: ipadilha . Última atualização: 2 de fevereiro de 2023
4.9 / 5 6 votos

Isso acontece porque o petróleo nacional, mais denso e mais barato, o torna ideal e muito utilizado para fabricar asfaltos no exterior. Assim, a Petrobras exporta o petróleo excedente e importa o óleo leve para fazer a mistura.

O petróleo produzido no país é um tipo que não se pode refinar e por isso não vira gasolina. Então vende-se esse petróleo, que lá fora ele serve para produzir outras coisas e acabamos tendo de comprar a gasolina”, finalizou o economista.

Isso acontece porque o processamento dos combustíveis é uma atividade de menor risco que a exploração de petróleo. Uma refinaria é uma operação industrial, planejada a partir de uma demanda de mercado que é conhecida. A produção de petróleo é mais incerta e arriscada, por isso a margem de lucro é maior.

A Petrobras é uma estatal autossuficiente em produção de petróleo, mas segue os preços internacionais porque não tem condições de transformar todo o petróleo em gasolina e diesel. O Brasil não possui capacidade de refino, por isso precisa exportar petróleo bruto e importar petróleo refinado.

O preço da gasolina no Brasil
Ou seja, se o preço do barril ou o da gasolina refinada que importamo, porque o Brasil não têm grande capacidade de refino e precisa importar, estivesse muito alto, a Petrobras vendia mais barato do que comprava, ficando no vermelho.

Segundo a FUP, motivo é a escassez de oferta no mercado internacional e o baixo nível dos estoques mundiais. A FUP (Federação Única dos Petroleiros) disse nesta 3ª feira (24. mai. 2022) que o Brasil corre o risco de desabastecimento de óleo diesel no começo do 2º semestre de 2022.

A lei que proibiu a circulação de carros de passeio a diesel no Brasil é de 1976. Ela foi votada no contexto da crise internacional de petróleo e foi uma forma de o governo incentivar a produção de carros a álcool, protegendo o mercado interno e diminuindo a dependência da importação do diesel.

“O problema é que houve decisões do governo de reduzir investimento do refino e concentrar na produção.” O professor destacou ainda que o problema é que o diesel “afeta diretamente o funcionamento da nossa economia, todo nosso transporte de mercadorias e pode causar desabastecimento de alimentos.”

“Quando há uma variação no preço do petróleo que não é ocasionada pelo mercado, é determinada por governos – como aconteceu em anos anteriores no Governo Federal – mais para frente estoura, como estourou.

Para definir o valor do combustível, a Petrobrás utiliza um cálculo instituído desde 2016, na presidência de Michel Temer (MBD), chamado Preço de Paridade de Importação (PPI). Em suma, ele vincula o valor do combustível no Brasil aos preços no exterior, ao custo de transporte do produto até o país e à cotação do dólar.

No mundo, a Venezuela é o país com a gasolina mais barata. No país chavista o litro do combustível sai por apenas US$ 0,02, ou R$ 0,12. Isso mesmo, 12 centavos de real. O país tem uma enorme reserva de petróleo, e passa por uma inflação que desvaloriza muito sua moeda frente ao dólar.

Dados federais mostram que seguem em atividade apenas oito das 17 refinarias que operavam na costa leste dos EUA em 2000.

O parque de refino do Brasil é formado por 19 refinarias, com capacidade total de produção de 2,41 milhões de barris/dia de derivados.

“O petróleo é uma commodity, transacionada no mercado internacional, em dólar, igual no mundo inteiro. A dinâmica é a mesma do minério de ferro, do trigo, da soja e da carne. O produtor não vai vender mais barato aqui do que ele cobra lá fora”, diz o economista e consultor Alexandre Schwartsman.

A Petrobras, que fornece para as distribuidoras, calcula o preço nas refinarias com base na cotação do petróleo e na taxa de câmbio, pois a commodity é cotada em dólar. Nesse sentido, a valorização da moeda norte-americana, acumulada em 1,55% em 2021, também forçou para cima a gasolina.

Uma grande alteração promovida por Temer e mantida por Bolsonaro foi a nova política de preços, que tem duplo objetivo: aumentar a lucratividade da estatal, mas também criar condições para o funcionamento de um mercado privado e competitivo de refino, importação e distribuição de combustíveis.