Por que o silêncio é tão poderoso?

Perguntado por: aamorim . Última atualização: 4 de fevereiro de 2023
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Em vários momentos o ato de silenciar, sem dizer absolutamente nada, pode ser muito mais poderoso do que um “sim” ou um “não”. Compartilhar o silêncio, em vários momentos, significa dizer que está com o outro, que o compreende e que existe uma unicidade sobre o que este acabou de expressar.

Pesquisas comprovam: se manter em silêncio pode elucidar ideias, fortalecer sua memória, ajudar no tratamento de depressões além de prevenir doenças cardiovasculares. O silêncio é o ponto de encontro entre o sono e a meditação.

Ao contrário do que possa parecer, muitas vezes o silêncio tem muito a dizer, carregando em sua aparente falta de palavras uma intensidade tamanha de sentimentos, uma grande carga emocional, às vezes mais significativa do que uma enxurrada de palavras. O silêncio pode acalmar, ferir, amparar ou violentar.

A Bíblia insiste em dizer que Deus é amor, mas por vezes Ele permanece quieto quando precisamos de uma resposta, uma orientação, um conforto. Em meio a tanta quietude nos resta questionar: Deus está em silêncio ou nós é que estamos surdos?

O silêncio é uma virtude que revela o olhar dos sábios. Em um diálogo, é no silêncio dos intervalos que nos completamos nas falas. Se você tentar se impor, na tentativa do convencimento, bloqueará todos os sentidos de quem te escuta. Falar e silenciar, é como o sol e lua: quando um está presente, o outro não está.

O silêncio geralmente é visto como algo negativo. No entanto, o silêncio pode variar em quantidade e qualidade, pode ser espontâneo ou estratégico, voluntário ou forçado, quente ou frio como uma pedra… Além disso, o silêncio é também positivo e necessário.

A todo tempo ruídos externos estão atraindo a nossa atenção. Esses ruídos não são necessariamente sons, mas também imagens, vídeos, cores, frases que nos movem de um lado para outro.

Medite. A meditação é uma ótima maneira de desligar a sua mente, de manter o seu corpo e de ficar quieto. Gaste 10-20 minutos toda manhã para encontrar um lugar confortável em um quarto silencioso, feche seus olhos e foque na sua respiração entrando e saindo do seu corpo.

O silêncio pode ser usado para aliviar uma discussão acalorada, mas também pode manipular os outros para que se sintam desamparados. É importante usá-lo de modo construtivo para encorajar a comunicação.

Saber ouvir e saber calar: nisto consiste o supremo valor do silêncio. Ouvir, silenciar, pensar, falar, silenciar e pensar outra vez evitaria muita coisa dita em vão. Por falar apenas e pouco pensar, pessoas cometem erros difíceis de reparar depois. E por ouvir tanto menos do que pensam, piores erros cometem ainda...

“O silêncio é uma ótima maneira para o cérebro se reorganizar, registrar novas memórias e se adaptar da melhor maneira possível. Além disso, faz a pressão ficar mais baixa, reduz o estresse e aumenta a capacidade de atenção”, explica o médico neurologista Fabiano Moulin.

Não demonstre raiva; não aja de modo passivo-agressivo, a fim de tentar fazer o outro voltar a falar com você; e não crie discussão. Apenas dê um tempo para que os dois consigam se acalmar. Quando estiver perto de alguém que esteja dando um gelo em você, mantenha-se relaxado e positivo.

O tratamento do silêncio é uma arma que provavelmente todo casal já usou pelo menos uma vez. Sem dizer uma palavra, esse recurso expressa ao mesmo tempo raiva, frustração, mágoa, manipulação, resignação e desapontamento.

O silêncio reabastece nossos recursos mentais
Na nossa rotina, estímulos sensoriais são lançados em nossa direção por todos os lados. Quando finalmente podemos fugir das perturbações sonoras, os “centros de atenção” do nosso cérebro ganham a chance de se restaurar.

É nesse preciso momento que dizemos coisas das quais podemos nos arrepender. Não é bom falar quando estamos de cabeça quente. Você pode discutir com seu chefe, com seus pais, com sua família… mas se perceber que a discussão está se transformando em uma briga, é melhor ficar calado.

Quem controla as suas palavras é sábio, e quem mantém a calma mostra que é inteligente. Até um tolo pode passar por sábio e inteligente se ficar calado.

Ela diz respeito à ação interior, desinteressada, que não visa reconhecimento, gratidão ou sequer ser notada. Aqui o silêncio não é mutismo, mas um estado interno em que a consciência penetra uma essência impalpável, inacessível aos pensamentos.

Meditação é um bom caminho, talvez o que mais diretamente proponha o exercício do silêncio. Mas há opções indiretas. Alguns esportes, como natação, também convidam ao silêncio. A prática de escrever algo diariamente exige que se dedique algum tempo ao silêncio, organizando as ideias”, explica.

O Sábado Santo nos convida ao exercício reflexivo do silêncio. É um dia onde as palavras do salmista adquirem um novo significado: “conserva-te, em silêncio, diante de Deus e espera n'Ele”. (Sl 37,7). Esta é a melhor resposta da fé, a única que convém diante dos sinais de morte que tentam ofuscar os sinais da Luz.

Segundo Tambara & Freire (2007) o silêncio pode ser uma defesa do psicoterapeuta, pois o processo do cliente pode mobilizar algum sentimento ou experiência interna do psicoterapeuta com o qual ele não consegue lidar durante uma sessão fazendo com que não sabia o que dizer e por se sentir ameaçado ele silencia.

De maneira resumida, o direito ao silêncio nada mais é que a resguarda da pessoa de não participar, de qualquer modo, em uma acusação estatal contra si mesmo. Inclusive, o “ficar calado” é um direito constitucional, isto é, previsto na Constituição de 1988.