O que representa a decoração de Macunaíma?

Perguntado por: aapolinario . Última atualização: 19 de maio de 2023
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Neste sentido, Macunaima abandona tudo e pula no rio para encontrá-la, isso diz respeito a abandonar a sua terra e o que é seu em busca de lugares melhores, desmerecendo seu local, pois, ao pular no rio acaba sendo destroçado por um monstro, o que representa a decepção de não encontrar em outros lugares aquilo que ele ...

Macunaíma, o filme, é uma síntese do Brasil, é a representação de uma nação em busca do próprio caminho. E o caminho para isso é mostrado por meio de seus costumes, de seu folclore, de sua natureza e também de suas contradições.

Macunaíma, o herói do nosso povo, possui uma marca lingüística, a famosa frase “Ai! que preguiça!...” “Ai, que preguiça” – uma só frase, duas culturas, dois idiomas, uma onomatopéia e um pleonasmo.

Ele é um anti-herói, que não tem compromissos com a sociedade, é individualista, tem caráter, é preguiçoso, fora-da- lei. Talvez essa seja a resposta pela pouca repercussão que teve. Retomamos o conceito de Jung que diz que o herói deve ser exaltado até a identificação dele, através de música, da dança.

Quando Mário de Andrade criou Macunaima e o chamou de herói sem nenhum caráter, na verdade, ele faz um retrato das características do povo brasileiro, da mistura de raças, da riqueza folclórica e, principalmente, da espontaneidade do povo, tendo de se valer de um jeito malandro para se sobressair de situações difíceis.

Lembram-se do que Macunaíma fez no final para se tornar o herói ideal, representante do povo brasileiro? Ele tomou um banho! Isso mesmo, um banho, ele se lavou. O ato que universalmente significa purificação e limpeza foi o que Macunaíma fez para tornar-se branco no capítulo V do livro.

Como o próprio Mário declarou, ele teve muitas intenções ao escrever Macunaíma, tratando de diversos problemas brasileiros: a falta de definição de um caráter nacional, a cultura submissa e dividida do Brasil, o descaso para com as nossas tradições, a importação de modelos socioculturais e econômicos, a discriminação ...

Muitos mitos desse povo também estão presentes no livro, como a origem do nome Macunaíma, que significa o “grande mal”.

Apaixona-se por Ci, a Mãe do Mato, e com ela tem um filho que morre ainda bebê. O filho morre, Ci sobe para o céu com um desgosto e vira uma estrela. Macunaíma fica triste por perder a amada, mas ela deixa uma recordação: um amuleto chamado muiraquitã.

E Macunaíma, o protagonista, caracteriza-se como um herói sincrético, inclusive, no próprio quesito religião já que não está intimamente vinculado a nenhuma delas, utilizando-se de símbolos e elementos sagrados de variadas crenças e participando também de rituais diversos.

O foco narrativo perceptível é de terceira pessoa, com um narrador-observador das peripécias de Macunaíma.

No final da obra, o herói chega ao Uraricoera e acaba ficando triste após ver a maloca da tribo em pedaços. Então, uma sombra leprosa acaba devorando Maanape e Jiguê. Macunaíma acaba ficando sozinho.

É justamente o que o escritor faz em Macunaíma: compõe a sua rapsódia reunindo lendas, folclores, crendices, costumes, comidas, falares, bichos e plantas de todas as regiões, não se referindo a nenhuma delas, misturando inclusive as diversas manifestações culturais e religiosas, dando assim um aspecto de unidade ...

Qual a importância de Macunaíma para a cultura brasileira? Segundo o colunista Ricardo Alexino Ferreira, como modernista que era, “Mário de Andrade queria fazer uma crítica à cultura europeia e, ao mesmo tempo, exaltar a cultura indígena, que, para ele, era a essência do Brasil”.

Antes de morrer dá a Macunaíma um amuleto, a muiraquitã (pedra verde em forma de sáurio), que ele perde e que vai parar nas mãos do mascate peruano Venceslau Pietro Pietra, o gigante Piaimã, comedor de gente.