O que os sírios fazem no Brasil?

Perguntado por: nprates . Última atualização: 1 de maio de 2023
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Entre 2016 e 2018 tiveram um restaurante, mas hoje trabalham em casa, no Campo Belo, zona sul de São Paulo. Antes da pandemia, eles também faziam jantares e almoços sob reserva. Agora já faz um ano que isso não acontece.

"A vida está muito difícil agora. Não tem mais trabalho, o preço das coisas está muito alto. Antes eu recebia dois ou três pedidos por dia, agora recebo dois ou três pedidos por semana", relata Tinawi. Ele conta que muitos sírios estão na mesma situação de vulnerabilidade por serem autônomos ou microempresários.

A grande maioria dos refugiados sírios nos países vizinhos vive em áreas urbanas, com apenas 1 em cada 20 acomodado em um campo de refugiados em 2021. Em todos os países vizinhos, a vida é uma luta diária para mais de um milhão de refugiados sírios, que têm pouco ou nenhum recurso financeiro.

Atualmente, cerca de 43 mil pessoas com status de refugiado vivem no Brasil, dentre essas 11.231 são sírias, de acordo com dados do Comitê Nacional para os Refugiados (Conare).

A Turquia continua a abrigar a maior população de refugiados do mundo, incluindo mais de 3,7 milhões de sírios, enquanto o Líbano e a Jordânia estão entre os países com o maior número de refugiados per capita globalmente. Enquanto isso, as necessidades humanitárias dentro da Síria estão aumentando.

Aproximadamente 3,8 mil deles chegaram ao Brasil na última década. Mais de 80% deles se concentram em São Paulo, no Rio de Janeiro e no Paraná, onde já existia uma comunidade sírio-libanesa consolidada.

A maioria dos árabes ou seus descendentes de árabes que residem no Brasil são como Pierre Sarruf: neto de imigrante (41%), homem (60%), que vive na região Sudeste (39%) e trabalha com comércio (45%).

Segundo a pesquisa, 39% dos árabes residem na região Sudeste, 32% na região Nordeste, na região Sul estão 17% deles, outros 6% moram na região Norte e 5% deles na região Centro-Oeste.

Cultura da Síria
A Síria é um país muito influenciado pela religião. A maior parte da população síria é árabe, razão pela qual as tradições árabes são extremamente valorizadas no país, como as vestimentas e os feriados religiosos. O país conta com minorias religiosas importantes, como os cristãos e os drusos.

Os árabes começaram a chegar ao Brasil nos anos 1870. Vinham, em sua maioria, do que mais tarde se tornaram a Síria e o Líbano —à época, territórios sob domínio do Império Otomano. Cerca de 140 mil deles chegaram aqui. A comunidade diz que há hoje milhões de descendentes.

Estima-se que o encolhimento da economia foi da ordem de 70% na última década. O Produto Interno Bruto (PIB) da Síria é de 60 bilhões de dólares. O setor de serviços responde por uma parcela de aproximadamente 61% e concentra também a maior parte da mão de obra empregada do país.

Qual é a situação atual do país? Após a entrada da Rússia no conflito, em 2015, o governo de Assad passou a vencer o conflito. Em março de 2020, pouco antes de a pandemia se agravar, foi costurado um acordo entre o governo e os manifestantes democráticos com o intermédio da Rússia e do Irã.

Em torno de 90% da ancestralidade dos sírios é oriunda dos povos semitas que habitam a Síria desde tempos imemoriais, como os arameus, assírios e canaanitas. O restante provém das seguintes populações: povos da Anatólia e do sul da Europa (c. 1.000 a.C.), gregos (século IV a.C.) e povos do Cáucaso (domínio otomano).

O trabalho do ACNUR, a Agência da ONU para Refugiados, no Brasil é pautado pelos mesmos princípios e funções que em qualquer outro país: proteger os refugiados e promover soluções duradouras para seus problemas.

Do total, 57,8% das solicitações apreciadas pelo Conare foram registradas nas Unidades da Federação (UFs) que compõem a região norte do Brasil. O estado de Roraima concentrou o maior volume de solicitações de refúgio apreciadas pelo CONARE em 2022 (41,6%), seguido por Amazonas (11,3%) e Acre (3,3%).

Trabalhando com o ACNUR, São Paulo criou um programa especial para refugiados e migrantes transgênero para garantir que eles não sejam discriminados na resposta à COVID-19.

Em termos de religião, a subdivisão é mais complicada: 74% dos sírios são muçulmanos sunitas, 16% são muçulmanos xiitas (entre alauitas, drusos e ismaelitas) e 10%, cristãos (ortodoxos, maronitas ou latinos).

Eles fogem por conta de conflitos internos, guerras, perseguições políticas, ações de grupos terroristas e violência aos direitos humanos. Metade do fluxo anual de refugiados são sírios, que deixam suas origens devido à guerra civil em que o país está desde 2011.

No começo da guerra civil na Síria, eles tinham como grande objetivo derrubar o governo de Bashar al-Assad e estabelecer um governo democrático. Com o passar dos anos, o ELS passou a ter como foco o combate aos curdos no norte da Síria, sob a alegação de que eles queriam fragmentar o território sírio.

Em primeiro lugar, deve haver um maior respeito pelo Direito Internacional Humanitário (DIH). Hospitais foram atingidos, profissionais humanitários e de saúde foram mortos. Armas explosivas pesadas foram empregadas em áreas densamente povoadas. Civis e infraestrutura civil foram alvejados.