O quê Krenak defende?

Perguntado por: opinheiro . Última atualização: 30 de abril de 2023
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Ativista do movimento socioambiental e defensor dos direitos dos povos indígenas, participou da fundação da Aliança dos Povos da Floresta e da União das Nações Indígenas (UNI).

O povo Krenak foi denominado pelos portugueses de “Botocudos” por usarem botoques nos lábios e nas orelhas. Os Krenak falam a língua Borum do tronco Macro-Jê, que significa “gente”, termo com o qual eles se auto designam hoje. Vivem em Minas Gerais, Mato Grosso e São Paulo.

“Nos descolamos do corpo da Terra”, diz Krenak. Fizemos um divórcio, acreditando que poderíamos viver por nós mesmos. Com uma condição: extrair, dominar, explorar tudo o que vem de Gaia. Nos divorciamos desse organismo que nos abriga, mas estamos a todo instante a usurpá-lo.

A desestruturação da vida socioeconômica e cultural desse povo, degradação ambiental e abandono pelas agências de assistência estatal levaram a uma situação de constante conflito com a Vale e seus parceiros nos empreendimentos que impactam a vida do povo Krenak.

"A sustentabilidade é um tema fundamental para o Brasil atual e para o planeta. Estamos passando por uma emergência climática. Não é à toa que tivemos em todo o janeiro e fevereiro eventos extremos. Eles estão mais intensos e trazem perdas humanas e materiais.

Nossa cultura dificulta a concepção de uma vida que não tenha o trabalho como razão primordial da existência. Acreditando na realização pessoal por meio da produção e do consumo, esgotamos a possibilidade de preservação da espécie humana no planeta.

Entretanto, em 1916 foi inaugurada a Estrada de Ferro Vitória-Minas (EFVM), operada atualmente pela Vale S. A. A construção dessa ferrovia impactou o território da etnia, pois a região passou a ser povoada através da ocupação desordenada, principalmente, com a chegada de fazendeiros, trabalhadores e indústrias.

A ditadura militar brasileira removeu o povo Krenak de suas terras e o levou para um campo de concentração chamado Fazenda Guarani, onde indígenas de diversas etnias eram submetidos a trabalho forçado, tortura e outros tipos de violência física e psicológica.

As mulheres cortaram o cabelo em sinal de luto. Seu corpo foi colocado sobre um jirau, conforme seu desejo, sentado olhando para a frente, para a pedra do Krenak. Acenderam a fogueira e fizeram roças. E dias e noites os krenaks rezavam, mantendo o fogo aceso, acariciando-o eternamente, conversando com ele.

Segundo o autor Ailton Krenak a única forma de adiar o fim do mundo é contando uma nova história e reafirmando a nossa singularidade, ancestralidade e nossas raízes. Assim, verifica-se que o caminho é reafirmar e reivindicar a nossa subjetividade reconhecendo que somos diferentes e festejando as diferenças.

Referências. KRENAK, Ailton. Ideias para adiar o fim do mundo. São Paulo: Editora: Companhia das Letras, 2019.

Essa reciprocidade das pessoas do povo Borum, que são os Krenak, com o rio que é Watu, com o território onde nós vivemos, com a montanha, ela não é uma analogia sobre seres vivos e humanos. É uma cosmogonia, é o jeito que esse povo pensa que é o mundo. Não é só o rio Doce, é assim que nós pensamos que é o mundo.

Você pode ver que o nome que demos para o nosso rio é Watu. Ele é o nosso avô. E que tem o mesmo sentido em Uaimií…

Em 2020 ganhou o Prêmio Juca Pato de Intelectual do Ano, oferecido pela União Brasileira de Escritores. Publicou livros como “Ideias para adiar o fim do mundo” (2019), “A Vida Não é Útil” (2020) e “O amanhã não está à venda” (2020), e é autor de uma das cartas do livro “Cartas para o Bem Viver” (2021).

Seu sistema religioso está centrado na figura dos Marét, espíritos das esferas superiores, os grandes ordenadores da natureza. Dentre eles se destaca Marét-khamaknian, um herói civilizador e benevolente criador dos homens e do mundo.

Na área Krenak vivem, ao todo, cerca de 700 indígenas. Já na terra Munduruku, cerca de 240 famílias são abrangidas pelo reconhecimento, que somam a outras três áreas da mesma etnia onde vivem cerca de 1 mil pessoas.

Resposta. Krenak Se sentiu com orgulho, ao mesmo tempo felicidade imensa se sentindo livre novamente " livre para voar " Como um pássaro...

Na frase do filósofo indígena Aílton Krenak, é afirmado que a ideia de território brasileiro foi manipulada e baseada em violências e apagamento dos povos indígenas.