O quê Kishimoto diz sobre o brincar?

Perguntado por: aalencastro . Última atualização: 20 de maio de 2023
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Ao brincar, a criança experimenta o poder de explorar o mundo dos objetos, das pessoas, da natureza e da cultura, para compreendê-lo e expressá-lo por meio de variadas linguagens. Mas é no plano da imaginação que o brincar se destaca pela mobilização dos significados.

Atua no campo da educação infantil focalizando estudos sobre formação de professores, propostas pedagógicas, história e políticas públicas, museu e brinquedoteca, letramento e o brincar.

Assim Kishimoto (1997) mostra que a brincadeira/jogo é instrumento de grande importância para aprendizagem no desenvolvimento infantil, pois se a criança aprende de maneira espontânea, o brinquedo passa a ter significado crucial na formação e na aprendizagem.

Segundo Henry Wallon (2007), toda atividade da criança é lúdica, desde que não seja imposta. Para ele, é imprescindível que a criança tenha oportunidade de brincar, porque é através do corpo que ela estabelece a primeira comunicação com o meio.

Diversos autores renomados como Piaget e Vygotsky, Froebel e Dewey, trouxeram o brincar como algo inseparável à natureza humana principalmente da criança quando está no processo de desenvolvimento e que também colabora para o aprendizado, de modo que a definição deixou de ser o simples jogo.

Vygotsky (2007) defende que o aprendizado do indivíduo não pode ser dissociado do contexto histórico, social e cultural em que está inserido. Para aprender, elaborar conhecimentos e para se autoconstruir, o ser humano precisa interagir com outros membros de sua espécie, com o meio e também com a cultura.

O brincar é uma atividade que auxilia na formação, socialização, desenvolvendo habilidades psicomotoras, sociais, físicas, afetivas, cognitivas e emocionais. Ao brincar as crianças expõem seus sentimentos, aprendem, constroem, exploram, pensam, sentem, reinventam e se movimentam.

Para Kishimoto (2002) o brinquedo é diferente do jogo. Brinquedo é uma ligação intima com a criança, na ausência de um sistema de regras que organizam sua utilização.

Obras como as de Piaget, Bruner, Vygotsky, Wallon e Elkonin apresentam discussões sobre os diversos elementos no jogo e na brincadeira que influenciam o desenvolvimento humano de maneira ampla e, em especial, o infantil.

O conceito de brincar está internamente relacionado com a diversão, a exploração, a imaginação, a aprendizagem e a criatividade.

Brincar é uma interação espontânea e autêntica, livre de julgamentos. Há muitos estudos que mostram que se não brincarmos podemos ter menos competências emocionais e sociais, bem como criativas”, afirma. O neurocientista Sidarta Ribeiro, do Instituto do Cérebro, completa: “Os mamíferos inteligentes aprendem brincando.

Quando se está brincando o cérebro da criança libera a dopamina, hormônio do prazer, que deixa a criança com a atenção ativada. Logo, sua capacidade de aprender é muito maior, já que a satisfação de ganhar e vivenciar algo novo libera o hormônio da felicidade no organismo.

A teoria de Wallon é identificada como Psicologia da Pessoa Completa (Galvão, 1996), pois visa justamente à produção de um saber psicológico que leve em conta a totalidade da pessoa (consciência, eu, emoções, representações, etc.), em suas condições concretas de existência.

Vygotsky (2007) faz uma relação em que a criança usa o brinquedo como uma necessidade de desenvolvimento para a precisa significar o mundo a sua volta e realizar seus desejos, usando a atividade do brincar como uma forma de entender certas regras.

Segundo Poletto (2005) três grandes teorias psicológicas oferecem subsídios para o estudo do brincar, são elas: sociohistórica (Vygotsky), cognitiva (Piaget), e psicanalítica (Winnicott).

Nesse sentido, a BNCC afirma que o brincar se torna fundamental, tanto para o aprendizado, como para o desenvolvimento da criança. Na brincadeira, a criança aprende de forma prazerosa, através da socialização com as crianças e adultos e na participação de diversas experiências lúdicas.

Para Vygotsky, os jogos e brincadeiras têm funções efetivas no desenvolvimento da criança. No âmbito escolar o jogos é um vínculo para o desenvolvimento intelectual da criança. Portando é notório que a utilização dessa ferramenta no ensino de matemática é de suma importância.

Piaget defende que o indivíduo se desenvolve a partir da ação sobre o meio em que está inserido, priorizando, a princípio, os fatores biológicos que podem influenciar seu desenvolvimento mental. Dando ênfase em seus estudos ao caráter construtivo.

Propõe o desenvolvimento em quatro fases:

  • Sensório motor (0 a 2 anos)
  • Pré-operatório (2 a 6 anos)
  • Operatório Concreto (7 a 12 anos)
  • Operatório formal (a partir dos 12 anos)

Wallon e Vygotsky concordam que o sujeito é determinado pelo organismo e pelo social que estrutura sua consciência, sua linguagem, seu pensamento, a partir da apropriação ativa das significações histórico-culturais.

Nas brincadeiras, as crianças podem desenvolver algumas capacidades importantes tais como a atenção, a imitação, a memória, a imaginação. Amadurecem também algumas capacidades de socialização, por meio da interação e da utilização e experimentação de regras e papéis sociais.