O que é o kairós de Deus?

Perguntado por: ovieira . Última atualização: 22 de maio de 2023
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kairos, que em português escrevemos kairós, tinha para os gregos o significado de "momento certo" ou momento oportuno. É uma ocasião indeterminada no tempo em que algo especial acontece. A palavra é usada em teologia para descrever o "tempo de Deus".

Enquanto Chronos é a personificação do tempo calculado, aquele subordinado ao relógio e do qual não conseguimos fugir facilmente, Kairós é a qualidade do tempo vivido. Kairós é o tempo oportuno, que faz um acontecimento ser especial, memorável, não em seus números, mas em sua significância.

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Aqui, o grego original para “tempo” é kairos. Não é qualquer hora, mas “a” hora designada por Deus para que Sua Palavra seja compartilhada por meio de Seu Filho, Jesus. A Bíblia de Estudo NIV chama esse uso de kairos de “não apenas o tempo cronológico, mas o tempo decisivo para a ação de Deus”.

O autor cita que Conzelmann e Fitzmyer sugerem que Lucas propôs a História da Salvação em três tempos: o tempo de Israel, o tempo de Jesus e o tempo da Igreja.

O tempo de Deus não é o nosso tempo!
O tempo de Deus é perfeito, não há atrasos (Gálatas 4:4). O tempo de Deus está relacionado ao tempo oportuno para cumprimento do Seu propósito ou vontade. Não pode ser medido ou cronometrado, mas atua na nossa história consoante à Sua vontade.

Tempo Chronos e Kairós em nosso dia a dia profissional
O antônimo de cronológico quer dizer atemporal, que não está inserido em um grupo de acontecimentos. Enquanto Chronos quantifica, Kairós qualifica.

Tempo cronológico é o tempo em que ocorre toda atividade humana, o qual pode ser medido. Se você consegue marcar o tempo em horas, dias, meses e anos, é um tempo cronológico.

A relação entre Cronos e Kairós
Já Kairós era o momento, algo indeterminado no tempo, um acontecimento especial ou uma experiência oportuna. Atualmente, podemos dizer que vivemos na realidade do tempo Cronos, algo linear, que vai sempre em frente, sempre implacável, podendo ser até cruel, algumas vezes.

Esse titã comandava o Universo desde que havia se rebelado e lutado contra o próprio pai, chamado Urano. Após derrotar seu pai, Cronos recebeu a profecia de que um de seus filhos se levantaria contra ele. Por causa dessa profecia, Cronos decidiu devorar todos os seus filhos, Héstia, Hera, Deméter, Hades e Poseidon.

“ Aion é o tempo indeterminado, o tempo sem duração, a manutenção e a totalidade do tempo, mas uma totalidade sem bordas. Não é o sempiterno, o tempo com início porém sem fim. É o eterno: o sem começo, sem fim, sem ponto e sem sequência, ou em uma só palavra: sem determinação. Aion é o tempo – tempo do Logos " (1).

Na Bíblia, o tempo é pessoal. O tempo não é um recipiente infinito ou uma constante incolor em branco. É moldado pela ação e decisão humana e assume diferentes tonalidades, dependendo do que somos chamados a fazer. Os sábios de Israel tinham muito mais a dizer sobre o tempo do que “tempo em si”.

A Civilização Grega desenvolveu-se a partir de 800 a.C. e viveu o seu auge no chamado período clássico, entre 500 e 300 a.C.

Para os gregos, seguindo, ainda, a análise de Lloyd (1972), o tempo não é um fenômeno simples e natural. Pelo contrário, ele é um fenômeno carregado de afetividade e também de um aspecto moral que ordena o universo em sua hierarquia, bem como a vida dos homens. O tempo não é o mesmo, ele aparece como algo fragmentado.

(Ecl 3,1) A palavra de Deus nos diz em Eclesiastes capítulo 3, versículo 1: ''Há um tempo para cada coisa debaixo do sol, tempo de plantar, de colher, de nascer, de viver e de morrer...”.

O relógio de Deus tem outra batida e não funciona de acordo com nossos pedidos. Na melhor das hipóteses, funciona conforme as nossas sinceras manifestações de fraternidade, de caridade de amor devocionais sem olhar a quem. Dentro do nosso tempo existencial, fazemos muitos planos. E também inúmeras promessas e pedidos.

No quarto Evangelho e nos escritos joaninos, o ágape é amor de respeito, amor delicado, amor de predileção, amor de intimidade, amor de misericórdia e amor de dom entre o Deus Pai e o Deus Filho, entre Jesus e seus discípulos e também entre Deus e o mundo, porque Deus é amor (SPICQ 1959:313-324).