O que diz à teoria de Bourdieu?

Perguntado por: yescobar . Última atualização: 25 de maio de 2023
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Bourdieu sustenta que os agentes e instituições dominantes tendem a inculcar a cultura dominante, de modo a reproduzir o habitus, as desigualdades sociais nas maneiras de falar, de trabalhar, de julgar (Dubet, 1998:46).

De acordo com Bourdieu (2017b), a ideologia do dom (ou talento) expressa uma naturalização dos valores culturais associados às posições dominantes, que refletem sua condição de estabilidade econômica e social liberada da necessidade, conferindo-lhes um “senso de distinção”, vinculado à sua “raridade” e caracterizando- ...

O francês Pierre Bourdieu (1930-2002) empreendeu uma investigação sociológica do conhecimento que detectou, na circulação dos bens culturais e simbólicos, um jogo de dominação e reprodução de valores.

Em seus estudos sobre as funções do sistema de ensino numa sociedade estratificada, o sociólogo francês Pierre Bourdieu demonstra que, embora a escola seja reconhecida ideologicamente como instância promotora de oportunidades de ascensão, ela acentua as desigualdades sociais.

A educação, na teoria de Bourdieu, perde o papel que lhe fora atribuído de instância transformadora e democratizadora das sociedades e passa a ser vista como uma das principais instituições por meio da qual se mantêm e se legitimam os privilégios sociais. Trata-se, portanto, de uma inversão total de perspectiva.

A sociologia de Pierre Bourdieu é frequentemente criticada pelo relevo, que seria excessivo, dado à resiliência dos mecanismos de dominação. Para o autor francês, as estruturas sociais são opacas e a experiência vivida dos indivíduos não lhes permite identificar as causas de sua opressão (Lovell, 2007, p. 74).

O “capital simbólico” é, na verdade, um efeito da distribuição das outras formas de capital em termos de reconhecimento ou de valor social, é “poder atribuído àqueles que obtiveram reconhecimento suficiente para ter condição de impor o reconhecimento” (BOURDIEU, 1987. Choses dites. Paris: Minuit , 1987., p. 164).

A sociologia de Bourdieu identifica relações e associações entre o espaço social e o espaço do esporte, aponta possíveis homologias entre as posições ocupadas por determinados atores sociais em ambos os espaços, mesmo sem determinismo estrutural.

Bourdieu teve o mérito de formular, a partir dos anos 60, uma resposta original, abrangente e bem fundamentada, teórica e empiricamente, para o problema das desigualdades escolares.

Para Bourdieu (1998) violência simbólica, é vista como a forma de coação que se apoia no reconhecimento de uma imposição determinada, seja esta econômica, social ou simbólica.

Bourdieu também é conhecido por sua teoria dos campos, que se concentra nas relações de poder e competição em áreas específicas da sociedade, como a arte, a ciência ou a política. Ele argumenta que cada campo tem suas próprias regras e estruturas de poder, que são construídas pelos atores dentro do campo.

Isso porque os saberes mais reconhecidos pelas escolas são mais fáceis de serem adquiridos nas classes com maior renda, que têm mais oportunidades de investir dinheiro em atividades culturais.

Segundo Bourdieu, a escola é uma instituição que reproduz as estruturas de poder e dominação da sociedade, uma vez que ela é responsável por conferir títulos e certificados que legitimam a posição dos indivíduos na hierarquia social.

O capital cultural pode existir em três estados: incorporado, objetivado e institucionalizado, e sua acumulação inicial "começa desde a origem, sem atraso, sem perda de tempo, pelos membros das famílias dotadas de um forte capital cultural" (Bourdieu, 1979, p. 76).

Desta forma, para Bourdieu, não há nenhum elemento objetivo que diga que uma cultura é superior às outras, mas sim os valores tácitos atribuídos por certos grupos em posição dominante numa dada configuração social é que fazem dela a cultura legítima.

Desenvolvido por Pierre Bourdieu, este conceito refere-se ao conjunto de recursos, competências e apetências disponíveis e mobilizáveis em matéria de cultura dominante ou legítima.

É nesse modo de conhecimento, fundado na relação entre o ator e a estrutura social, que Bourdieu ressalta dois conceitos fundamentais para a compreensão de sua teoria: habitus e campo.

Habitus e campo
O capital cultural de uma pessoa está ligada a seu habitus (disposição e tendências incorporadas) e campo (posições sociais), que se configuram como uma estrutura de relação social.