O que Camões diz sobre o amor?

Perguntado por: lmarinho . Última atualização: 18 de maio de 2023
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Amor é fogo que arde sem se ver; É ferida que dói e não se sente; É um contentamento descontente; É dor que desatina sem doer. É um não querer mais que bem querer; É um andar solitário entre a gente; É nunca contentar-se de contente; É um cuidar que se ganha em se perder.

O Amor É uma Companhia
Porque já não posso andar só. E ver menos, e ao mesmo tempo gostar bem de ir vendo tudo. Mesmo a ausência dela é uma coisa que está comigo. E eu gosto tanto dela que não sei como a desejar.

Nesse trecho, a aproximação de sentidos impossíveis, como o fogo que não se vê, a dor de ferida que não dói, a alegria triste e a dor que é sentida, sem que se sinta, mostra a natureza do que é o amor: um sentimento que nos leva a ideias controversas sem que se perca seu sentido.

“Quem diz que Amor é falso ou enganoso, ligeiro, ingrato, vão, desconhecido, sem falta lhe terá bem merecido que lhe seja cruel ou rigoroso. Amor é brando, é doce e é piedoso. Quem o contrário diz não seja crido; seja por cego e apaixonado tido, e aos homens, e inda aos deuses, odioso.

CAMÕES, Luiz Vaz de

7, p. 143-167, 1999. CAMÕES, Luiz Vaz de. Amor é fogo que arde sem se ver.

Os Lusíadas

Em língua portuguesa, Os Lusíadas, de autoria de Luís Vaz de Camões, é o poema épico mais famoso.

A obra de Luís Vaz de Camões pertence ao classicismo, estilo de época renascentista e que, portanto, apresenta, em linhas gerais, as seguintes características: Materialismo. Idealização da realidade. Valorização da razão, da ciência.

Os poetas muitas vezes descrevem o amor como uma emoção que não podemos controlar, uma emoção que abafa a lógica e o senso comum. Foi o que aconteceu comigo. Eu não planeei apaixonar-me por ti, e duvido que tenhas planeado apaixonares-te por mim.

Entende-se por lírica toda a produção poética de ordem amorosa, definida pelo excesso de sentimentalismo, que destaca os sentimentos, co- locando-os à frente do pensamento racional.

O verdadeiro amor é aquele que permanece sempre, se a ele damos tudo ou se lhe recusamos tudo. O verdadeiro amor é como os fantasmas. Todos falam nele, mas ainda ninguém o viu. Quem encontrar na vida o verdadeiro amor, deve escondê-lo, longe do mundo, como um tesouro.

1. Poema em linha reta, do heterônimo Álvaro de Campos. Talvez os versos mais consagrados e reconhecidos internacionalmente de Pessoa sejam os do Poema em linha reta, uma extensa criação com a qual nos identificamos ainda hoje profundamente.

De quem é o olhar Que espreita por meus olhos ? Quando penso que vejo, Quem continua vendo Enquanto estou pensando ? Por que caminhos seguem, Não os meus tristes passos, Mas a realidade De eu ter passos comigo ?

É só o amor, é só o amor. Que conhece o que é verdade. Ainda que eu falasse a língua dos homens. E falasse a língua do anjos, sem amor eu nada seria.

Quando diz: “Tão contrário a si é o mesmo amor”, o poeta abandona a tentativa de definir o amor. O amor existe como vida, é a realização de um sentimento e não a descrição desta virtude. O sujeito encontra-se em conjunção com o ato realizado e em disjunção da virtualização do amor que faz a ação ser verdadeira.

É ferida que dói, e não se sente; É um contentamento descontente; É dor que desatina sem doer. Nota: Trecho de soneto de Luís de Camões.