Foi aprovado a linguagem neutra?

Perguntado por: gcurado . Última atualização: 29 de janeiro de 2023
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Este é o objetivo do Projeto de Lei 54/2021, de Nikolas Ferreira (PL), que foi aprovado pelo Plenário da Câmara, em votação simbólica, nesta terça-feira (5/7). Com a aprovação, a matéria volta às comissões para análise das emendas.

É a substituição dos artigos feminino e masculino por um "x", "e" ou até pela "@" em alguns casos. Assim, "amigo" ou "amiga" viram "amigue" ou "amigx". As palavras "todos" ou "todas" são trocadas, da mesma forma, por "todes", "todxs" ou "tod@s".

Quem criou a linguagem neutra
A primeira língua oficial a adicionar um pronome neutro de terceira-pessoa, através de uma autoridade institucional, foi o sueco. A palavra “Hen”, em sueco, pode ser usada para descrever qualquer pessoa, independente da sua identificação de sexo ou gênero.

Pri Bertucci é artista social, educador e pesquisador da área de diversidade. Identifica-se como pessoa não-branca, transgênero/não-binário/gender queer.

No Brasil, as opiniões quanto ao uso da linguagem neutra não são unânimes. Enquanto certos segmentos se colocam a favor da linguagem e frisam a importância da adoção do uso de expressões neutras no processo de inclusão de pessoas não-binárias, transexuais, travestis e intersexo, outros são contra.

Pessoa que tem sentimento fluido de sua identidade de gênero. Um dia pode ser sentir totalmente homem e no outro totalmente mulher ou ter sentimentos de não ser nem homem, nem mulher em um determinado momento. O gênero delx flui e isto não é algo que elx possa controlar.

Por exemplo, quando alguém se identifica com o gênero feminino, podemos nos referir a esta como “ela” ou “dela”. Quando é masculino temos “ele ou “dele”. E quando uma pessoa não se identifica com os padrões de gênero, ou seja, é não-binária, podemos usar os pronomes “elu” ou “delu”.

Por esta razão, na ótica gramatical, o quantificador todos tem a capacidade de se referir simultaneamente a pessoas do género masculino e feminino. A expressão «todos e todas» é, assim, do ponto de vista estritamente gramatical, redundante.

Portanto, se dissermos “bom dia, a todos e todas”, isso equivale a dizer “bom dia a todos e todas e a todas”, pois, no pronome indefinido “todos”, a audiência feminina já está incluída. Ao contrário, “todas” é um pronome indefinido excludente, isto é, que suprime a audiência masculina.

Dizer “Bom dia a todos” seria suficiente para incluir homens e mulheres, uma vez que a língua portuguesa se vale da forma masculina como o uso “neutro” que abrange elementos de gêneros distintos. Desse modo, “todos e todas” pode ser considerado uma redundância (ou pleonasmo) de fato.

É a substituição dos artigos feminino e masculino por um "x", "e" ou até pela "@" em alguns casos. Assim, "amigo" ou "amiga" virariam "amigue" ou "amigx". As palavras "todos" ou "todas" seriam trocadas, da mesma forma, por "todes", "todxs" ou "tod@s".

Para os que questionam a linguagem neutra, um argumento para não usá-la é que a norma culta da língua define como neutro o uso do gênero masculino em plurais e generalizações, o que eliminaria a necessidade de distinguir se são homens e mulheres.

A linguagem neutra, não binária ou inclusiva não é uma imposição dos movimentos feministas ou LGBTQIA +, mas uma tentativa de inclusão de pessoas historicamente marginalizadas. Além disso, a proposta do gênero neutro visa abarcar tanto coletivos quanto pessoas que não encontram lugar no binarismo.

Resumidamente, a linguagem neutra, também conhecida como não-binária, é uma forma não sexista de se comunicar, com o objetivo de incluir diferentes grupos que não se sentem representados atualmente. Dessa forma, a linguagem permite flexibilizar a maneira com que já falamos, para evitar a reprodução de falas sexistas.

Não use “X” e nem “@”
Muitas pessoas usam “X” ou “@”, pois acreditam que esses caracteres abarcam um grande espectro de variedades e que, por não serem definidores de nenhum gênero, abraçam todos. Embora a intenção seja boa, na prática o emprego desses caracteres não é positivo.

Em 2012, um pronome "hen" foi proposto na Suécia. O sueco foi a primeira língua oficial a adicionar um pronome neutro de terceira-pessoa por uma autoridade institucional. "Hen" pode ser usado para descrever qualquer pessoa, independentemente da identificação de sexo ou de gênero.

Use “Senhore” em vez de “Senhor”, Senhora” e “Senhorita”

Um dos sistemas mais utilizados é o ELU. Aqui, o "a" ou "e" no final dos pronomes é substituído por um "u". Exemplo: em vez de "ele" ou "ela", utiliza-se "elu"; "dele" ou "dela" fica "delu". Para palavras terminadas em "a" ou "o", utiliza-se o "e".

Em lugar de dizer “ele” ou “ela”, diz-se “elu”. Para “dele” ou “dela”, utilize-se “delu”. Já em palavras terminadas em “a” ou “o”, troca-se pelo “e”, como em “linde”, “tranquile”, “namorade”. Em palavras em que o “e” sinaliza o masculino, utiliza-se o “ie”, como em “professories”.

O pronome "elu" e "delu" não existe formalmente na língua portuguesa, mas é considerada uma forma neutra de se referir às pessoas não-binárias.

Não há uma idade específica em que se espera que todas as pessoas se deem conta de sua orientação ou identidade sexuais. Há algumas pessoas com sexualidade fluida e que podem descobrir no futuro uma orientação diferente.