Em que Hélio Oiticica se inspirou para criar o Parangolé?

Perguntado por: rassis7 . Última atualização: 25 de maio de 2023
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É a partir do samba, da dança e da rua que Oiticica rompe definitivamente com as divisões entre artes visuais, música e dança, bem como com as noções de “estilo” e “coerência estética”, chegando a sua “descoberta do corpo”.

Os laços entre os dois viriam a se estreitar durante os anos 1970, quando o artista plástico estimulou a publicação dos primeiros escritos do poeta. A amizade entre a dupla teria como pano de fundo a tropicália, movimento de que Oiticica foi participante, e Salomão, um espectador-participante.

Hélio Oiticica buscou a superação da noção de objeto de arte como tradicionalmente definido pelas artes plásticas até então, inspirado na teoria do não-objeto de Ferreira Gullar.

A proposta de Hélio, relacionada ao seu entendimento do papel da arte e do artista, é de transformação social.

Esse trabalho foi a grande inspiração para a criação estética do movimento tropicalista das décadas de 60 e 70. Nessa obra era possível encontrar elementos típicos da cultura popular brasileira, como areia, arara, capas de parangolé e plantas, que subverteriam a ordem da estética pura do modernismo europeu.

Os Parangolés são capas, estandartes, bandeiras para serem vestidos ou carregados e movimentados pelo participante. As capas são confeccionadas com tecidos coloridos, estampados, com palavras e imagens que aparecem com a agitação da pessoa que as carrega (Souza; Baumgarten, 2005).

De maneira geral, o trabalho Oiticica une várias categorias artísticas (artes plásticas, dança, poesia, arquitetura, teatro) criando outras formas próprias de arte, com ordens inventadas por ele como Penetráveis, Bólides, Parangolés, Núcleos, etc.

A obra pode ser descrita como um ambiente labiríntico composto de dois Penetráveis, PN2 (1966) - Pureza É um Mito, e PN3 (1966-1967) - Imagético, associados a plantas, areia, araras, poemas-objetos, capas de Parangolé e um aparelho de televisão.

O termo que deu nome à turma – Parangolés – conceitua uma proposta idealizada pelo artista brasileiro Hélio Oitica, que se permitiu pensar a arte para além dos objetos, deslocando-a para as experiências e para os sentidos.

Os Parangolés foram criados para serem experimentados: ou a pessoa os veste e se move com eles, ou só vê em movimento quando eles são vestidos/levados por um outro participante.

- Retalhos de tecidos (de diversos tamanhos, cores e texturas). - Retalhos de outros materiais maleáveis: plástico, EVA, borracha... - Linha, cola de tecido, fita adesiva dupla face.

Encontro com a Mangueira, seus carros alegóricos e fantasias, transformou a obra do artista plástico durante a ditadura. Tudo é o parangolé. Atar as duas pontas do mesmo tecido, até que pano e paisagem sejam uma superfície só: a paisagem, ela mesma.

  • Pintura
  • Arte de instalação

A marginalidade é considerada uma forma de transgressão dos valores conservadores e burgueses, identificados com o regime militar, aliado à idealização do mundo do crime, como mundo produzido pelas contradições da sociedade.

7. Bandeira-poema Seja Marginal, Seja Herói (1968) A obra é uma homenagem a Manoel Moreira, homem negro e periférico, morador da Favela do Esqueleto, no Rio de Janeiro. Oiticica circulava muito pelas favelas e morros cariocas e construiu uma relação de amizade com muitos moradores desses locais.

Muitos foram os artistas que fomentaram a arte contemporânea no país, dos quais merecem destaque: Hélio Oiticica (1937-1980) Lygia Clark (1920-1988) Lygia Pape (1927-2004)