É errado usar cocar?

Perguntado por: ocruz . Última atualização: 29 de abril de 2023
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Cocar pode ser sinal de responsabilidade e respeito, com uso limitado a pessoas de certas posições sociais (por exemplo, caciques, tuxauas, pajés); pode ser parte de ritos de ligação com ancestrais e com a natureza; ou também de festividades daquele povo.

Para os indígenas da etnia Fulni-ô, do estado de Pernambuco, o cocar é a conexão do guerreiro com o grande espírito e deve ser utilizado somente pelos homens. Por ser considerado um cocar pessoal, pode ser dado como presente apenas para alguém querido.

religião islâmica

Em algumas tradições da religião islâmica, mulheres e alguns homens usam um cocar e véu tradicional chamado hijab.

Não só cacique, pajé, ou pessoas impor- tantes da comunidade que usam, mas qualquer pessoa pode usar. Geralmente, quando vamos para a festa Jowosi, usamos o cocar para enfeitar, junto com a pintura corporal.

O próprio cocar indígena Fulni-ô pode ser considerado um representante de apropriação cultural. Ele era feito originalmente de palha. As penas dos pássaros utilizadas hoje vêm das trocas de material com outros povos, como os do Alto Xingu, em feiras e eventos.

Índio é um termo pejorativo e errado – dado pelos colonizadores quando invadiram o Brasil – que não traduz toda a nossa diversidade. Quando as pessoas usam esse termo, elas remetem a somente um povo, invisibilizando, por ignorância, os mais de 305 povos indígenas que, com sua diversidade, vivem no Brasil.

O termo retrata esses povos de maneira genérica, sem considerar as suas especificidades linguísticas e culturais, por exemplo. “Índio”, portanto, reforça estereótipos preconceituosos, que geralmente retratam os povos indígenas como selvagens, atrasados e preguiçosos.

É muito comum ouvirmos alguém utilizar a palavra “índio” para se referir a uma pessoa dos povos originários. Porém, há alguns anos, esse termo se tornou pejorativo e a comunidade passou a questionar o uso, visto que o termo foi criado pelos colonizadores, reduzindo assim a pluralidade de muitas etnias.

Os Caboclos de Pena eram os índios das tribos que viviam da caça, pesca e que se adornavam com penachos, cocares e colares artesanais.

Cocar Indígena Grande de Penas Coloridas Bordo e Vermelho com Branco.

Um cocar é o adorno usado por muitas tribos indígenas. Sua função variava de tribo pra tribo, podendo servir de adorno a símbolo de status ou classe na tribo. Geralmente, é confeccionado de penas presas a uma tira de couro ou de outro material.

Cocar pode ser sinal de responsabilidade e respeito, com uso limitado a pessoas de certas posições sociais (por exemplo, caciques, tuxauas, pajés); pode ser parte de ritos de ligação com ancestrais e com a natureza; ou também de festividades daquele povo.

De fato, o cocar é feito a partir de elementos retirados da natureza, como penas de aves – arara, gavião-real, papagaio, periquito, entre outros pássaros – e talas de arumã – planta encontrada na Amazônia. No mais, o cocar, antes de ser utilizado, deve ser consagrado por um pajé.

O uso ritual do cocar é restrito a apenas uma pessoa, considerada como o dono ou aquele que pode utilizá-lo. Enquanto algumas pessoas têm a prerrogativa de utilizar o verde, feito de penas de papagaio; outra pode usar o vermelho, de penas de arara e uma outra, o amarelo, de penas de japu.

Fantasias polêmicas: o que evitar usar no carnaval?

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  • Figuras religiosas.

“Fantasia de índio” nas escolas: uma prática racista
Sempre é racista se fantasiar de uma raça, de um povo. Sempre reforça estereótipos e violências coloniais. Nesse caso específico de se fantasiar de indígena, há certas problemáticas e consequências específicas.

Artesanalmente confeccionado pelos guerreiros da aldeia, o cocar, também chamado de meakà, é um artefato ritualístico, usado em cerimônias de diversas etnias.