Como vivem os quilombolas nos dias de hoje?

Perguntado por: apeixoto8 . Última atualização: 30 de abril de 2023
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Ainda hoje existem comunidades quilombolas que resistem à urbanização e tentam manter seu modo de vida simples e em contanto com a natureza, vivendo, porém, muitas vezes em condições precárias devido à falta de recursos naturais e à difícil integração à vida urbana e não tribal.

Os grupos étnicos e seus territórios conhecidos, na atualidade, como quilombos ou comunidades remanescentes de quilombos são constituídos em comunidades negras, rurais (em grande maioria), compostas por descendentes de africanos escravizados.

Os remanescentes de quilombos enfrentam problemas sérios, principalmente no que diz respeito à titulação de suas terras. Segundo pesquisa elaborada pelo Centro de Cartografia da Universidade de Brasília, das 2.228 comunidades quilombolas no Brasil, apenas 119 tiveram território regularizado até meados deste ano.

As populações quilombolas, em geral, dependem da agricultura para sobreviver. Sem poder sair para vender seus produtos, têm sofrido também com insegurança alimentar, já que grande parte não conseguiu o auxílio emergencial do governo federal.

A constituição dos quilombos é, sobretudo, marcada pela resistência e luta dos negros e negras contra a escravidão.

Eles plantam frutas, legumes e verduras, colhem mel, cultivam ostras, produzem artesanato e mostram suas atividades diárias para turistas e visitantes. Os jovens participam de todas as atividades e isso integra as diferentes gerações.

Atualmente, a agricultura familiar representa a maior fonte de renda dessas populações.

“A agricultura é a atividade mais forte”, explica o diretor do Patrimônio Afro-Brasileiro da Fundação Cultural Palmares, Alexandro Reis. “O extrativismo também é uma atividade muito forte na área de quilombo.

Na atualidade, quilombolas são pessoas que vivem em comunidades remanescentes de quilombos e têm identificação histórica, com os costumes e com o território. Com base na Secretaria Especial do Desenvolvimento Social, a identificação de uma pessoa como quilombola é autodeclaratória.

As comunidades quilombolas são grupos étnicos, predominantemente constituídos de população negra rural ou urbana, descendentes de ex-escravizados, que se autodefinem a partir das relações específicas com a terra, o parentesco, o território, a ancestralidade, as tradições e práticas culturais próprias.

Símbolo da resistência negra no período da escravidão, os quilombos contemporâneos sofrem com o legado de desigualdades deixado pelo período colonial. Isso por causa da falta de acesso à terra e a políticas públicas básicas como saúde e educação.

Uma das questões mais atuais da resistência dessas comunidades é a luta pelo território. No Brasil, o número de quilombos titulados é baixo. Quilombolas enfrentam ameaças do agronegócio, da especulação imobiliária e do próprio poder público.

Segundo estimativas da FCP, existem atualmente no país cerca de 121 mil famílias quilombolas que, em sua maioria, moram em casas de taipa – paredes trançadas de madeira e argila.

As comunidades quilombolas tiveram também garantido o direito à manutenção de sua cultura própria através dos artigos 215 e 216 da Constituição. O primeiro dispositivo determina que o Estado proteja as manifestações culturais afro-brasileiras.

O Nordeste é a região do Brasil que concentra o maior número de localidades quilombolas, 3.171. Logo em seguida vem a região Sudeste com 1.359 quilombos. As demais regiões têm os menores números: Norte (873), Sul (319) e Centro-Oeste (250).

Além disso, apresentam fragilidades quanto ao acesso ao Sistema Único de Saúde, que já se encontra bastante vulnerável nacionalmente. Diante da pandemia, as comunidades quilombolas estão criando estratégias de prevenção e discutindo com órgãos governamentais e não governamentais medidas de proteção e cuidados básicos.

Quilombo dos Palmares

O Quilombo dos Palmares foi o maior quilombo da história do Brasil e ao longo do século XVII chegou a reunir cerca de 20 mil habitantes na Serra da Barriga. O Quilombo dos Palmares ficou conhecido por ser o maior quilombo da história brasileira.

As comunidades quilombolas além de contar a história, mantêm tradições seculares como, por exemplo, o congado e rosário. Além das religiões de matriz africana. “Os quilombos fazem parte da manutenção da nossa história e da cultura brasileira.

Utiliza-se, para tanto, a conceituação de quilombos do período colonial, segundo a qual quilombo era definido como “toda a habitação de negros fugidos, que passem de cinco, em parte despovoada, ainda que não tenham ranchos levantados e nem se achem pilões nele”.