Como se explica o fato de os farroupilhas terem escravo em suas tropas?

Perguntado por: oandrade . Última atualização: 26 de maio de 2023
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A partir da declaração de independência da então província de São Pedro do Rio Grande do Sul, em 1836, os farroupilhas perceberam que não havia homens o bastante para fazer frente às tropas imperiais. Por essa razão, os republicanos começaram a cooptar negros escravizados.

Havia, portanto, estancieiros, estancieiros-militares, farroupilhas-libertários, militares-libertários, estancieiros-farroupilhas, abolicionistas e escravos que buscavam a liberdade, e assim por diante, numa combinação e interpenetração ideológica sem fim.

A solução foi costurada no Massacre de Porongos, o último conflito da guerra, uma emboscada aos Lanceiros e Infantes Negros combinada entre David Canabarro e Duque de Caxias. No dia 14 de novembro de 1844, mais de 100 negros foram assassinados e os que sobreviveram foram enviados à corte brasileira. “Foi um massacre!

Guerra dos Farrapos foi motivada, principalmente, pela insatisfação dos estancieiros e charqueadores gaúchos com os altos impostos cobrados pelo governo imperial. Ouça o texto abaixo em aúdio!

Eles lutavam com a ciência de que a liberdade recém conquistada estava condicionada à vitória sobre o regime escravocrata do Império do Brasil.

Lanceiros Negros era o grupo de negros que participaram da Guerra Civil Farroupilha com a condição de lutarem como soldados. Seu vestuário era constituído por sandálias de couro, colete, chiripá de pano e braçadeira vermelha, simbolizando a república.

Além de convocados de forma compulsória, escravos ou seus descendentes libertos, sofriam com a discriminação racial dentro do próprio exército. O contingente sulista (Rio Grande do Sul e Bahia foram as províncias que mais contribuíram com homens para a guerra) recebia mal os homens de cor do Norte e do Nordeste.

Esse grupo político defendia a ampla descentralização do poder, através da autonomia administrativa das províncias e instauração do sistema federalista; e desejavam substituir a monarquia pelo regime republicano. Todas essas ideias e projetos políticos se adequavam amplamente aos interesses dos estancieiros gaúchos.

Em 1845, após vários conflitos militares, enfraquecidos, os farroupilhas aceitaram o acordo proposto por Duque de Caxias e a Guerra dos Farrapos terminou. Como o número de mortos aumentava a cada dia e os recursos estavam escassos, não houve outra escolha se não a de aceitar a paz que o governo brasileiro oferecera.

A revolta foi mobilizada pelos grandes proprietários de terra do Rio Grande do Sul, insatisfeitos com os altos impostos cobrados pelo governo imperial sobre seus produtos. Por isso, constataram que a separação e a república seriam uma forma de obter liberdade comercial e política.

Os lanceiros negros foram escravos cooptados do Império do Brasil que aderiram a luta dos farrapos em troca (da promessa) de liberdade; lutavam em busca da tão sonhada alforria.

David Canabarro, o traidor, com o intuito de por fim ao conflito, ordenou na madrugada de 14 de novembro desarmar os escravos argumentando que poderia haver uma rebelião.

A historiadora Luciana Brito, por sua vez, alegam que a revolta deu início a uma onda de deportações entre 1835 e 1836. Ela diz que escravos envolvidos com a revolta, escravos muçulmanos e até negros libertos, foram deportados em massa para o continente africano|4|.

A Revolução Farroupilha foi uma rebelião provincial com o objetivo de adotar uma política liberal com mais autonomia para o Rio Grande do Sul. Ouça o texto abaixo em aúdio! A história do Brasil é marcada por períodos revolucionários que almejavam mudanças abissais nas esferas política e econômica.

Além das questões políticas e ideológicas, vemos que diversos estancieiros gaúchos apoiaram a Revolução Farroupilha por conta dos altos impostos cobrados sobre os muares, o couro e, principalmente, o charque produzido naquela região.

O município de Farroupilha foi criado através do Decreto Estadual nº 5.779, de 11 de dezembro de 1934, com seu território sendo desmembrado dos municípios de Caxias do Sul, Bento Gonçalves e Montenegro. O nome é em homenagem ao centenário da Revolução Farroupilha, que seria comemorado no ano seguinte.