Como os povos indígenas foram infectados pela varíola?

Perguntado por: llacerda . Última atualização: 1 de maio de 2023
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Caçados a tiros de espingarda, os que conseguiram escapar levaram consigo a doença. Assim, a varíola se espalhou entre as tribos da região, como conta Francisco de Paula. Até o ano seguinte, alcançaria populações indígenas a uma distância de 1,8 mil quilômetros dali.

Milhares morreram no contato direto ou indireto com os europeus e as doenças trazidas por eles, pois não possuíam imunidade natural. Gripe, sarampo, coqueluche, tuberculose, varíola e sífilis são alguns dos males que vitimaram sociedades indígenas inteiras.

Com a chegada da primeira leva de europeus, logo no primeiro século, a população indígena foi reduzida a quatro milhões, com as doenças e o extermínio. Atualmente, no Brasil, são cerca de 450 mil indígenas distribuídos por todo o território brasileiro.

De maneira geral, entre os índios, nas mais diversas aldeias, o tratamento e a cura de doenças eram feita pelos pajés, através de práticas mágicas com a ajuda de seus karuanãs (entes invisíveis).

Os tratamentos indígenas mais usados são os chamados “remédios do mato”, feitos com plantas e que são responsáveis pelo alívio da dor de 40% dos entrevistados. Existem ainda outras formas de tratar a dor, como, por exemplo, o uso de gordura animal, de enzimas, de banhos e de rituais de cura, conhecidos como pajelança.

A Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas integra a Política Nacional de Saúde, compatibilizando as determinações das Leis Orgânicas da Saúde com as da Constituição Federal, que reconhecem aos povos indígenas suas especificidades étnicas e culturais e seus direitos territoriais.

A Secretaria de Saúde Indígena (SESAI) é responsável por coordenar e executar a Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas e todo o processo de gestão do Subsistema de Atenção à Saúde Indígena (SasiSUS) no Sistema Único de Saúde (SUS).

O texto prevê, ainda, que “as populações indígenas devem ter acesso garantido ao SUS, em âmbito local, regional e a centros especializados, de acordo com suas necessidades, compreendendo a atenção primária, secundária e terciária à saúde”.

Indígenas acima de 50 anos morreram mais por doenças circulatórias (28,6%), respiratórias (15,4%) e neoplasias (14,6%); e no restante da população brasileira, essas causas representaram 31,5%, 13,6% e 19,0%.

As causas externas corresponderam à principal causa de mortalidade na população indígena, no triênio 2004-2006 (22,4%), seguidas pelas doenças do aparelho respiratório (14,9%), doenças do aparelho circulatório (14,3%) e doenças infecciosas e parasitárias (11,7%).

Para os indígenas, a morte significa uma passagem. Nato Tupinambá, pajé do povo Tupinambá do Baixo Tapajós conta que, “nessa passagem você vai para um local sagrado, um reino sagrado, que é as encantarias. As forças sagradas são os espíritos dos nossos ancestrais”.

Inicialmente, o nome dado pelos indígenas que aqui habitavam era Pindorama; depois do descobrimento foi chamado de Ilha de Vera Cruz (1500), Terra Nova (1501), Terra dos Papagaios (1501), Terra de Vera Cruz (1503), Terra de Santa Cruz (1503), Terra Santa Cruz do Brasil (1505), Terra do Brasil (1505), e, finalmente, ...

Os índios tupis chamavam os portugueses de peró e os franceses de mair, palavras cujo significado permanece controverso.

Em 1500, os primeiros portugueses que desembarcaram no “Novo Mundo” (América) tomaram posse das terras, logo em seguida tiveram os primeiros contatos com os indígenas, designados pelos portugueses de “selvagens”.

Óleo de Andiroba, potente cicatrizante, anti-inflamatório.

O que é a pajelança
A pajelança é um ritual de cura realizado pelos índios. Quem realiza este ritual é o pajé (curandeiro e líder espiritual da aldeia). No ritual, o pajé bebe uma espécie de bebida afrodisíaca, conhecida como tafiá e evoca espíritos de ancestrais ou de animais da floresta.

mandioca

Alimento sagrado – O professor e antropólogo do Campus da UFPA de Altamira Uwira Domingues explica que a mandioca é considerada pelos indígenas como um alimento sagrado. “A mandioca é considerada por todos nós como uma dádiva, um presente de deus”.

Pajé é uma palavra de origem tupi-guarani utilizada para denominar a figura do conselheiro, curandeiro, feiticeiro e intermediário espiritual de uma comunidade indígena. O pajé é considerado uma das figuras mais importantes dentro das tribos indígenas brasileiras.

As religiões dos povos indígenas do Brasil são politeístas, cultivam muitas entidades e não há a adoração a uma única divindade. Também não há dogmas ou um conjunto de doutrinas registradas em livros sagrados, como a Bíblia.

Entre 1910 e 1967, o SPI desenvolveu ações pontuais de assistência sanitária aos indígenas, a partir de estruturas simplificadas de atenção à saúde, como a manutenção de alguns postos com enfermeiros e convênios itinerantes de prestação de assistência médica ou de levantamentos sanitários entre os grupos indígenas ( ...

Foram registrados, em 2021, 305 casos de invasões possessórias, exploração ilegal de recursos naturais e danos ao patrimônio, em 226 terras indígenas, em 22 estados.