Como Oiticica pensava Os Parangolés?

Perguntado por: ocardoso . Última atualização: 25 de maio de 2023
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De acordo com Oiticica, o Parangolé é a incorporação do corpo na obra e da obra no corpo. Há aqui uma necessidade de “expressão-total”, onde espectador e obra não mais se distanciem na praticidade do diálogo, mas que seja esse diálogo aqui procurado pela participação por “atos” desse espectador.

Série Parangolés (meados da década de 60)
Os trabalhos são fruto de seu envolvimento com a dança e a música, que se tornam mais intensos depois que o artista passa a frequentar e colaborar com a Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira, no Rio de Janeiro, em 1964.

Esse trabalho foi a grande inspiração para a criação estética do movimento tropicalista das décadas de 60 e 70. Nessa obra era possível encontrar elementos típicos da cultura popular brasileira, como areia, arara, capas de parangolé e plantas, que subverteriam a ordem da estética pura do modernismo europeu.

O que são os Parangolés e qual o seu significado
Em um de seus relatos ele afirmou que o interesse dele pela arte, ritmo e dança veio por uma necessidade de desintelectualização, ou seja, ele ansiava pela necessidade de ter livre expressão. Por isso, para ele o Parangolé se tornou um meio de expressão artística.

Os Parangolés foram criados para serem experimentados: ou a pessoa os veste e se move com eles, ou só vê em movimento quando eles são vestidos/levados por um outro participante.

Os Parangolés surgiram como uma proposta em muitas etapas: cortar, escolher tecidos, vestir-se de panos, mover-se com aquelas vestimentas, tornar-se criança tal como Hélio assim o desejava. Como vestir a roupa dos pais e brincar. O aspecto lúdico e o estado de infância da proposta envolveu a todos.

Encontro com a Mangueira, seus carros alegóricos e fantasias, transformou a obra do artista plástico durante a ditadura. Tudo é o parangolé. Atar as duas pontas do mesmo tecido, até que pano e paisagem sejam uma superfície só: a paisagem, ela mesma.

  • Pintura
  • Arte de instalação

A obra pode ser descrita como um ambiente labiríntico composto de dois Penetráveis, PN2 (1966) - Pureza É um Mito, e PN3 (1966-1967) - Imagético, associados a plantas, areia, araras, poemas-objetos, capas de Parangolé e um aparelho de televisão.

Os Parangolés surgiram como uma proposta em muitas etapas: cortar, escolher tecidos, vestir-se de panos, mover-se com aquelas vestimentas, tornar-se criança tal como Hélio assim o desejava. Como vestir a roupa dos pais e brincar. O aspecto lúdico e o estado de infância da proposta envolveu a todos.

Abaixo da representação, há a frase "seja marginal, seja herói". O corpo morto está prostrado, vulnerável, disposto como se fosse uma cruz, invertida. A obra celebra a figura do "marginal", desprezada pela sociedade conservadora e dominante.

Foi também Hélio Oiticica quem fez o penetrável Tropicália, que não só inspirou o nome, mas também ajudou a consolidar uma estética do movimento tropicalista na música brasileira, nos anos 60 e 70. Oiticica o chamava de "primeiríssima tentativa consciente de impor uma imagem 'brasileira' ao contexto da vanguarda".

A obra demonstrava o desejo de Hélio de dar à arte contemporânea um caráter especificamente brasileiro. O artista introduziu nesse trabalho a desordem, a criatividade e a coletividade das experiências vividas, injetando uma “realidade brasileira” para subverter a “pureza” do modernismo europeu.

Indo contra as músicas que eram feitas na época, como a Bossa Nova e a Música Popular Brasileira, o Tropicalismo visava mudar o cenário da música e da cultura brasileira. Tendo nascido em meio ao regime militar de 64, o ritmo surgiu como uma forma de expressar a opinião, coisa que não era fácil na época.

Hélio Oiticica buscou a superação da noção de objeto de arte como tradicionalmente definido pelas artes plásticas até então, inspirado na teoria do não-objeto de Ferreira Gullar.

Hélio Oitica

O termo que deu nome à turma – Parangolés – conceitua uma proposta idealizada pelo artista brasileiro Hélio Oitica, que se permitiu pensar a arte para além dos objetos, deslocando-a para as experiências e para os sentidos.

Fruto das experiências de Hélio Oiticica (1937-1980) com a comunidade da Escola de Samba Estação Primeira da Mangueira, no Rio de Janeiro, o Parangolé é criado no fim da década de 1960. Considerado por Hélio Oiticica a "totalidade-obra", é o ponto culminante de toda a experiência que realiza com a cor e o espaço.

Parangolé, sob os vocais de Leo Santana, em apresentação no Carnaval de Salvador no Largo do Farol da Barra (Bahia) em 2012. É atualmente liderada por Tony Salles e é conhecida principalmente pelo single "Rebolation".

- Retalhos de tecidos (de diversos tamanhos, cores e texturas). - Retalhos de outros materiais maleáveis: plástico, EVA, borracha... - Linha, cola de tecido, fita adesiva dupla face.