Como o tráfico mudou as relações entre os povos?

Perguntado por: ihilario . Última atualização: 18 de maio de 2023
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O tráfico negreiro causou grandes transformações na sociedade africana assim como também nas relações entre esses povos porque o aumento ou a diminuição da escravidão interna da África estava associado a uma maior, ou menor demanda externa, e isso consequentemente aumentava os lucros desse mercado, principalmente ...

O tráfico negreiro foi uma atividade realizada entre os séculos XV ao XIX. Os prisioneiros africanos eram comprados nas regiões litorâneas da África para serem escravizados no continente europeu e no continente americano. Essa migração forçada resultou na chegada de milhões de cativos africanos ao Brasil.

A escravidão na África teve um grande salto por conta do comércio com os árabes e os europeus, como veremos. Entretanto, antes disso, a forma de escravidão mais tradicional que existia no continente africano era a doméstica, na qual o escravizado era utilizado em trabalhos simples, como o cultivo da terra.

Quando empregados, recebem menos da metade do salário pago aos brancos, aposentam-se mais tarde e com rendimentos inferiores. No que diz respeito ao quadro pós-abolição, Daronco lembra que, enquanto negros norte-americanos eram segregados no emprego, grande parcela dos negros brasileiros eram segregados do emprego.

A escravidão, instituição degradante, produziu anomia social, pobreza e desigualdade. Após a abolição, em 1888, houve uma deficiente integração da população afrodescen- dente à sociedade de classes, o que ocasionou um considerá- vel isolamento econômico e sociocultural.

Combate ao Comércio. O processo de abolição da escravidão será particular em cada um dos países que o utilizavam. No entanto, praticamente todos começam por abolir o transporte de escravizados para suas colônias, para que a população de escravos não aumentasse.

b) Como os traficantes procura- vam se livrar dessa “carga”? Atirando essas pessoas ao mar.

Os negros que não moravam nas ruas passaram a morar, quando muito, em míseros cortiços. O preconceito e a discriminação e a ideia permanente de que o negro só servia para trabalhos duros, ou seja, serviços pesados, deixaram sequelas desde a abolição da escravatura até os dias atuais.

Quando chegam ao destino, sofrem violações de direitos, nas suas diversas formas. As de maior índice são a exploração sexual, situação análoga à escravidão e remoção de órgãos.

A interposição entre o tráfico de pessoas e o trabalho realizado em condição análoga à de escravo, bem como a interdependência e inter-relação entre esses dois termos, é um tema bastante pertinente, pois a exploração do trabalho escravo é uma das principais finalidades do mercado clandestino caracterizado pelo tráfico ...

Objetivo (por que é feito):
Para fins de exploração, que inclui prostituição, exploração sexual, trabalhos forçados, escravidão, remoção de órgãos e práticas semelhantes.

Lucro e riqueza com o tráfico negreiro
O tráfico negreiro foi extremamente lucrativo para a Coroa, pois os escravos eram uma das “mercadorias” mais caras que a metrópole vendia para as colônias. Assim, os traficantes portugueses enriqueciam e o lucro permanecia em Portugal.

Os negros trazidos para o Brasil pertenciam, principalmente, a dois grandes grupos étnicos: os sudaneses, originários da Nigéria, Daomé e Costa do Marfim, e os bantos, capturados no Congo, Angola e Moçambique. Estes foram desembarcados, em sua maioria, em Pernambuco, Minas Gerais e no Rio de Janeiro.

Trazidos da África para trabalhar na lavoura, na mineração e no trabalho doméstico, os escravos eram alojados em galpões úmidos e sem condições de higiene, chamados senzala. Além disso, eles viviam acorrentados para evitar fugas, não tinham direitos, não possuíam bens e constantemente eram castigados fisicamente.

Aqui no Brasil, os negros ficaram sem acesso à terra e sem qualquer tipo de indenização por tanto tempo de trabalho forçado, geralmente analfabetos, sujeitos a todo tipo de preconceito, levando a muitos dos recém-libertos a permanecerem nas fazendas em que trabalhavam, vendendo seu trabalho em troca da sobrevivência.

inviabiliza o exercício da liberdade sob todas as formas. Inexiste direito de ir e vir, na medida em que os trabalhadores são constantemente vigiados por homens armados, que os obrigam a produzir, não obstante as péssimas condições, até que o serviço seja cumprido ou até que as infindáveis dívidas sejam quitadas.

O trabalho escravo foi um traço marcante no Brasil Colonial, em que houve grande e maciça participação dos negros. Desde o começo da efetiva colonização dos portugueses até o fim da escravidão, os negros eram a principal e essencial mão-de-obra, e tornavam possíveis as atividades econômicas.

Em 1889, um ano após a assinatura da Lei Áurea e no início da República no Brasil a situação dos negros brasileiros era assim: “Ao ex-escravo restou os trabalhos da rua e da casa, os trabalhos braçais e mal remunerados e que não exigiam qualificação educacional.

O trabalho escravo não é uma doença, mas ele é uma febre, ou seja, um sintoma de algo mais grave. A doença é a pobreza, a falta de acesso a possibilidades, a alternativas de vida, que empurra milhões de pessoas para fora de suas casas em busca de subemprego, da qual o trabalho escravo é a pior condição.

Comércio África-América
O tráfico negreiro foi responsável pelo deslocamento forçado de 12,5 milhões de pessoas da África e calcula-se que um terço foi para a América Portuguesa. Esse foi o maior deslocamento involuntário de pessoas durante toda a história.

Eusébio de Queirós

A Lei Eusébio de Queirós foi aprovada em 4 de setembro de 1850, e proibia o tráfico atlântico de escravos vindos do continente africano para o Brasil. A medida atendia a uma reivindicação da Inglaterra que pressionava o Brasil para que acabasse com o comércio de escravos.