Como o funk é visto no Brasil?

Perguntado por: dlopes . Última atualização: 1 de maio de 2023
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Atualmente, o funk é visto como parte da cultura brasileira. Nos últimos anos, ele ganhou subgêneros, um número cada vez maior de artistas surgiram, ganhou destaque internacional e até mesmo se tornou tema de série. O que poucos compreendem é que esse é um ritmo que tem uma importância muito grande para o Brasil.

O funk carioca faz sucesso porque tem um ritmo dançante, intenso, envolvente, sendo derivado de estilos de sucesso como o Freestyle e o Miami Bass. Esse ritmo começou em bailes organizados na periferia e favelas do Rio e rapidamente fez muito sucesso pelo país.

O funk chega ao Brasil nos anos 70 e conquista músicos como Tim Maia (1943 -1998) e Tony Tornado (1970). Estes serão os responsáveis por misturar o ritmo funk americano à batida da música brasileira.

Para as comunidades, o funk é uma maneira de expor as vivências do cotidiano. Ao mesmo tempo em que o funk é visto como uma forma de manifestação cultural, pode também ser responsável pela inserção dos jovens no meio artístico e no ativismo social.

O funk dialoga muito com a juventude, porque ela se sente representada pelas letras e é de sensibilidade da população entender que o movimento funk é o maior movimento político, cultural, que conversa com essa parte da população que é desassistida pelo Estado.

“O Funk sofre preconceito porque é um movimento de periferia e aborda questões que as pessoas não estão acostumadas a lidar.

Assim como outras manifestações da cultura negra e periférica do passado — caso do samba e da capoeira —, o funk sofre perseguições. “Atribuo isso ao preconceito de classe e ao racismo, por ser originário de um território marginalizado, como favelas, e ser cantado majoritariamente pela juventude preta”, reflete Gomes.

Entre os detratores do gênero é comum ouvir que o funk estaria entre os responsáveis por um declínio moral e cultural do Brasil. Entretanto, de acordo com a opinião de profissionais e especialistas ouvidos pelo Nexo, o funk pode ser entendido sim como consequência de uma sociedade marcada por exclusão e violência.

Nesse contexto, o funk, como produto cultural, determina o modo de ser jovem, reforça valores, envolve-o nas representações identitárias, ligadas a um desejo simultâneo de autoafirmação, de liberdade, de inclusão e de resistência.

Segundo o Spotify, São Paulo liderou o ranking global de cidades que consomem mais novidades do mundo da música, com 700 milhões de streamings de novo conteúdo, de acordo com o estudo global Fan Study, da plataforma, com base em dados de janeiro de 2021.

Os estilos musicais preferidos são o Pop, o Sertanejo e a MPB, todos com quase 50% de aprovação entre os consumidores nacionais. O Funk tem seus fãs, mas no geral é o que menos agrada, com apenas 20%.

No final dos anos 1980, a violência das festas funk começou a ganhar a atenção da mídia, e o preconceito contra a música e os estilos de festa aumentou.

Além disso, o movimento é reconhecido também como manifestação cultural desde 2018 pela Câmara dos Deputados. Quando a imprensa foi descobrindo o funk, ele começou a se espalhar por todo o país. Trata-se da popularização de um movimento que, até então, era produzido na periferia e para a periferia.

Conhecido pelas frases de efeito e por ser polígamo, Wagner Domingues Costa, seu nome de batismo, deixa três esposas, 32 filhos e quatro netos. Confira algumas curiosidades sobre a vida e carreira do rei do funk.

Por fim, embora o funk sofra tanto preconceito por ser um ritmo da periferia com letras que falam sobre sexualidade, sensualidade e drogas, ele também é caracterizado como um movimento social que, não só retrata a vida nas favelas, mas também dá voz a quem é constantemente silenciado e oportunidade aos excluídos.

O FUNK é defensável como expressão de arte legítima na medida em que ele nasce de uma vivência do povo, ou seja, as pessoas que moram na periferia efetivamente utilizam aquela linguagem, assim como os temas transcritos para as músicas fazem parte do cotidiano daquelas pessoas.