Como o corpo era visto pelos gregos?

Perguntado por: npacheco . Última atualização: 11 de fevereiro de 2023
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Desde a Grécia Antiga, o corpo é encarado como um santuário. Os Jogos Olímpicos representavam essa visão, com toda a beleza de corpos atléticos e vigorosos. Ficava clara a concepção de que um corpo bonito e saudável era sinônimo de beleza e virilidade.

Eles consideravam os deuses semelhantes aos homens em virtudes e defeitos, sujeitos às mesmas paixões e impulsos, embora dotados de imortalidade e de força, velocidade e beleza superiores. Assim, desejar um corpo belo, forte e rápido era um meio de se aproximar dos deuses e, com isso, da perfeição.

O Homem é descrito em Hesíodo como em unidade com o divino e com a phisys. Suas ações, e desígnios decorrem do curso imutável da natureza e dos laços com os Deuses, não havendo um homem livre dessas amarras. A tragédia grega, no século IV a.C., traz ainda na obra de Sófocles a personagem Antígona, filha do rei Creonte.

Em sua tradução moderna, a palavra grega sôma significa “corpo”.

O padrão estético grego foi mantido pelas romanas: pele branca que era ressaltada com pó de giz e fezes de crocodilo moídas passadas no rosto. As plebeias disfarçavam as sardas e manchas do sol com cinzas de caramujo.

Cada vez mais o corpo é visto como algo que se revela aberto a mudanças, como um processo vivo, em constante transformação. Um corpo individual, diferenciado, mas permeado pelo meio, por suas experiências em ação com o mundo, em permanente relação.

Na Grécia antiga, as regras da beleza eram todas importantes. Os gregos acreditavam que um exterior perfeito escondia uma perfeição interior. Para eles, um corpo bonito era considerado evidência direta de uma mente bonita. Aqueles que tinham tempo livre podiam passar até oito horas por dia na academia.

O corpo era valorizado pela sua capacidade atlética, sua saúde e fertilidade. Em Esparta, atividades corporais recebiam um lugar de destaque na educação de jovens, que buscavam um corpo saudável e fértil. Já em Atenas, no modo de educação corporal, prevalecia o ideal de ser humano belo e bom.

Atribui-se à Grécia Antiga a origem da musculação. Nos primórdios da prática, os antigos provavelmente usavam pedras como peso na cidade de Olímpia. Relatos de 1896 a.C., por exemplo, indicam que pessoas já praticavam arremesso de pesos, também com pedras, em competições.

Tanto para mulheres quanto para homens, os romanos herdaram os padrões gregos sobre simetria e harmonia. O ideal de beleza corporal para as mulheres era ser pequena e magra, mas de constituição robusta, ombros estreitos, quadris pronunciados, coxas largas e seios pequenos.

Pele branca, seios fartos, coxas grossas e cintura larga configuravam o padrão da época. A sociedade esperava que as mulheres tivessem olhos grandes, pés pequenos, cintura fina, cabelo longo e bem escuro, dentes brancos e pele pálida. Um corpo arredondado, com quadris largos e seios grandes, era sinônimo de beleza.

Apesar dos estereótipos que retratam os homens gregos como geralmente baixos, graças à dieta mediterrânea saudável e ao clima ameno, a população masculina da Grécia tem uma altura média de mais de 172,5 cm.

No diálogo Protágoras (séc IV a. C.), de Platão, vemos que a educação era uma espécie de modeladora do corpo e da alma. A educação física, a musical e a literária eram as três bases que sustentavam a formação do homem grego.

Sócrates tinha uma visão integral de corpo, sendo corpo e alma, ambos importantes; já Platão entendia que o corpo servia de prisão para a alma.