Como funciona o sistema de aviamento da borracha?

Perguntado por: agarcia . Última atualização: 18 de maio de 2023
4.7 / 5 6 votos

O aviamento, termo cunhado na Amazônia, é um sistema de adiantamento de mercadorias a crédito. Começou a ser usado na região na época colonial, mas foi no ciclo da borracha que se consolidou como sistema de comercialização e se constituiu em senha de identidade da sociedade amazônica.

Como base da economia gomífera no ciclo da borracha, o sistema de aviamento não pode ser pensado sem seus principais elementos: o seringal, o seringalista e o seringueiro.

O compromisso do seringalista com o seringueiro se configurava em possibilitar o aviamento de gêneros alimentícios, roupas e utensílios necessários para o fabrico, bem como entregá-lhes estradas de seringa que estivessem condições de serem exploradas, além de apoio na construção de tapiris e defumadores.

No sistema de aviamento o comerciante ou aviador adianta bens de consumo e alguns instrumentos de trabalho ao produtor, e este restitui a dívida contraída com produtos extrativos e agrícolas. É, pois, uma forma de crédito - mais eficiente que o sistema financeiro formal, incapaz de chegar aonde o produtor está.

Para extrair o látex da seringueira, faz-se um corte cuidadoso no tronco dessa árvore, por onde a seiva branca e leitosa flui. Cerca de 30% a 35% do látex é borracha pura. O restante é formado por água e outras substâncias. Depois de recolhida, a seiva é transformada em borracha crua pelo processo de coagulação.

O processo de extração do látex da seringueira é denominado de sangria. Nesse método, é removido um pequeno volume da casca da árvore, permitindo o escoamento da seiva, que escorrem em pequenas canecas fixadas no tronco da árvore. Geralmente, o procedimento é realizado entre seis e oito anos do plantio da seringueira.

O ciclo da borracha teve fim por causa da concorrência com a borracha produzida na Ásia.

Esse período histórico teve fim e por causa da falta de investimentos e prosperidade nessa e em outros setores e muitas pessoas perderam seus empregos. Com isso, as cidades ficaram vazias por causa do longo processo de estagnação econômica.

Era a Segunda Guerra Mundial, e o Brasil, alinhado com os Estados Unidos, fornecia insumos necessários para fabricação de pneus, botes, calçados, material isolante e outros itens derivados da borracha. Os homens foram, de fato, recrutados para este trabalho, e acabaram se tornando conhecidos por soldados da borracha.

Os soldados da borracha foram os brasileiros que entre 1943 e 1945 foram alistados e transportados para a Amazônia pelo Serviço Especial de Mobilização de Trabalhadores para a Amazônia (SEMTA), com o objetivo de extrair borracha para os Estados Unidos da América (Acordos de Washington) na II Guerra Mundial.

O seringueiro: uma história de luta e resistência
Os primeiros seringueiros, trabalhadores que retiraram o látex da seringueira como fonte de renda, chegaram à Amazônia na década de 1870. A vida do seringueiro é dormir cedo e acordar cedo.

Seringueiro é o personagem típico da região dos seringais. É aquele que extrai o látex das seringueiras e viabiliza sua transformação em borracha natural. Seringalista é o proprietário do seringal. A seringueira é uma planta brasileira (hevea brasiliensis) da família das euforbiáceas, originária da Amazônia.

Historicamente, os povos indígenas, principalmente do Acre, viam os seringueiros como homens brancos, iguais aos demais.

A vida no seringal era dura para a família do patrão, bem como para todos os fregueses. Claro que a extração do produto, ou seja, a produção propriamente dita, ficava por conta dos seringueiros; o patrão era o proprietário das terras, dos meios de produção e monopolizava o comércio em sua propriedade.