Como era a astronomia indígena?

Perguntado por: apereira2 . Última atualização: 5 de fevereiro de 2023
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A astronomia indígena é a mais antiga das ciências. Ela fala da forma como os povos antigos orientavam o próprio cotidiano, construindo calendários a partir do movimento do sol, da lua e das constelações. Esta relação com os astros foi fundamental para o desenvolvimento das sociedades humanas.

A observação do céu é uma prática milenar realizada por diversos povos de culturas distintas. Dentre esses povos, os indígenas brasileiros contam suas sabedorias sobre os astros através de histórias classificadas como contos ou mitologias.

As flutuações sazonais indicadas pelas constelações influenciam no período da pesca, caça, plantio e colheita. Cada imagem formada no céu permitia aos índios identificar que uma nova estação do ano estava por vir.

Uma lenda indígena nheengatu, da Amazônia, assim conta a origem do mundo: No princípio, contam, havia só água, céu. Tudo era vazio, tudo noite grande. Um dia, contam, Tupana desceu de cima no meio de vento grande, quando já queria encostar na água saiu do fundo uma terra pequena, pisou nela.

Guaraci, Quaraci, Coaraci ou Coraci (do tupi kûarasy, "sol") na mitologia tupi-guarani é a representação do Sol, às vezes compreendido como aquele que dá a vida e criador de todos os seres vivos, tal qual o Sol é importante nos processos biológicos.

O gnômon é um dos mais simples e antigos instrumentos de astronomia.

Desde os primórdios, os indígenas utilizam as constelações como uma bússola para orientação de diversas coisas, como fins religiosos, de curiosidade, fertilidade e principalmente como calendário agrícola. A cosmologia indígena define as constelações de cada estação do ano: Verão, primavera, outono e inverno.

Os viajantes usavam o Sol, a Lua e as estrelas para se orientar. Esse tipo de orientação é comum entre pessoas do campo, pescadores e navegadores, que geralmente conhecem as características gerais do céu durante a noite.

“Como em todo lugar, os índios brasileiros também desenvolveram um conhecimento astronômico”, afirma o pesquisador Luiz Galdino, que recentemente lançou o livro “A astronomia indígena”, pela Editora Nova Alexandria.

Povos indígenas de todo o mundo - do Egito à América, sempre utilizaram as estrelas como uma espécie de agenda do clima e como bússola para orientação. Normalmente associadas aos rituais das tribos, as constelações indígenas foram fundamentais para a sobrevivência de diferentes etnias.

“Há aproximadamente 30 constelações indígenas descritas. Um trabalho pioneiro nesse sentido foi feito em 1612, pelo missionário francês Claude d'Abbeville, que passou um período entre os Tupinambás”, conta.

  • As Constelações Indígenas Brasileiras.
  • Constelação da Ema.
  • Constelação do Homem Velho.
  • Constelação da Anta do Norte.
  • Constelação do Veado.

Os povos indígenas se veem ligados à natureza e como parte do mesmo sistema que o ambiente em que vivem. Eles adaptaram seus estilos de vida para se adequar e respeitar seus ambientes.

No passado, os indígenas brasileiros utilizavam seus conhecimentos astronômicos para orientação geográfica, por meio da observação do movimento aparente do Sol no céu. Os grupos que habitavam o litoral também conheciam a relação das fases da Lua com as mudanças das marés.

O conhecimento sobre os astros era utilizado para contar o tempo e navegar, construir narrativas, erguer sociedades e até mesmo compreender a relação entre homem e universo.

Tupã (do tupi-guarani tu'pã ou tu'pana) é um nome de origem mitológica indígena, que significa na língua tupi "o trovão". Muitas pessoas confundem o nome Tupã como sendo a divindade superior dentro da cultura dos tupi-guarani.