Como é a experiência do sagrado nas religiões indígenas?

Perguntado por: emoura . Última atualização: 30 de abril de 2023
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Na espiritualidade indígena, o sagrado é situado em muitas realizações do cotidiano e em celebrações mais ritualísticas como a roda do Toré. Deste modo, essa riqueza cultural é repassada às novas gerações.

Mircea Eliade, estudioso da religião, afirma que o universo religioso sempre envolve a noção de sagrado e de profano e a experiência religiosa acontece através do símbolo, do rito e do mito. Sagrado é todo aquele espaço, objeto, símbolo, que tem um significado especial para uma pessoa ou grupo.

Para os povos primitivos, toda natureza era sagrada. As tradições afrodescendentes e indígenas ainda guardam esta crença. E embora Candomblé e Umbanda, por exemplo, possuam terreiros e barracões, muito de seus rituais se dão ao ar livre, em meio a matas, florestas, rios, cachoeiras, praias.

Tupã

Considerado o deus criador do universo, pela tribo tupi-guarani, Tupã é o "Senhor do Trovão". É visto como o criador do céu, da terra e da humanidade. Alguns historiadores acreditam que Tupã foi criado pelos jesuítas durante o período de catequização dos povos indígenas.

Texto sagrado
É transmitido na forma oral. São histórias míticas que os sábios anciões contam oralmente para toda a tribo, preservando assim a sabedoria e a tradição.

Kamukuwaká

Kamukuwaká é Sepulcro, é Ventre materno, local de vida e de morte, de passagem de um para outro. O lugar era prisão/sepulcro e local de renascimento, onde o cacique Kamukuwaká e seus parentes ficaram encerrados.

Elas são celebradas por meio do oferecimento de comida e bebida, e, às vezes, de cantos e objetos. Um exemplo de objeto presente nos rituais indígenas é o chocalho, utilizado para cura e purificação. Hoje em dia, artefatos ritualísticos também são vendidos como artesanato.

Segundo a cultura indígena, o Avaxi Ete'i (Milho Guarani) é considerado um alimento sagrado e a partir deste ano letivo fará parte do cardápio das unidades municipais.

A experiência do sagrado surge antes que o indivíduo tenha qualquer tipo de representação ou concepção sobre o divino. O sentido do sagrado está relacionado à dimensão ontológica da pessoa. Poderíamos compreender o sentimento religioso como uma tentativa de busca do sagrado, entendido como o anseio da potência de ser.

Podemos dizer que os textos sagrados escritos têm a função de: a) Registrar a tradição religiosa como forma de preservar a experiência religiosa fundante. Assim, a religião organiza sua estrutura religiosa, seus ritos, símbolos, mensagens, etc.

O sagrado, como manifestação de força, de potência, está para ajudar a superar as dificuldades ou para quem tem medo, indicar o caminho que não se deve seguir. Tais manifestações religiosas podem se expressam nas relações individuais ou coletivas.

Cada tradição religiosa organiza o espaço sagrado de acordo com as suas crenças. As igrejas, capelas, catedrais e santuários católicos, são decorados com vitrais, imagens, estátuas, entre outros símbolos. Nos templos evangélicos não há imagens religiosas, mas podem ter vitrais decorativos e simbólicos.

Os Lugares Sagrado referem-se aos espaços construídos e não construídos e de significação simbólica da presença do Sagrado, ou seja, onde acontecem as manifestações religiosas, expressas na paisagem dos santuários, igrejas, templos, casas de orações, mesquitas.

A terra indígena vai, para o próprio indígena, além da subsistência. Ela representa para ele o suporte de todas as suas crenças e conhecimentos, além de representar o lugar por excelência de suas interações sociais.

Nesse contexto, a Igreja Católica, o Estado e os positivistas lutavam pela tutela e pela gestão das populações indígenas, por recursos financeiros e pelo apoio da opinião pública.