Como é a desigualdade de gênero no Brasil?

Perguntado por: aportela . Última atualização: 19 de fevereiro de 2023
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Em 2019, conforme o Fórum Econômico Mundial, o Brasil ocupava a 92ª posição em um ranking que mede a igualdade entre homens e mulheres num universo de 153 países. As mulheres brasileiras estão sub-representadas na política, têm remuneração menor, sofrem mais assédio e estão mais vulneráveis ao desemprego.

Com forte desigualdade racial, os critérios analisados apontam que mulheres negras sofrem muito mais, tendo, por exemplo, menor acesso à escolaridade e ocupando profissões não especializadas e que pagam menos. |1| BEAUVOIR, S. O segundo sexo.

A desigualdade social por aqui é um legado do período colonial, que se deve à influência ibérica, à escravidão e aos padrões de posses latifundiárias. Aspectos como racismo estrutural, discriminação de gênero, alta tributação de impostos e o desequilíbrio da estrutura social só agravam a desigualdade brasileira.

O 1% mais rico possui quase a metade da fortuna patrimonial brasileira. Os 10% mais ricos no Brasil possuem quase 80% do patrimônio privado do país. A concentração de capital é ainda maior na faixa dos ultra-ricos, o 1% mais abastado da população, que possui, em 2021, praticamente a metade (48,9%) da riqueza nacional.

Por estarem mais sobrecarregadas, com a multiplicidade de tarefas domésticas e trabalho, as mulheres sofrem com a indisponibilidade de tempo para cuidar delas próprias. As políticas e serviços de saúde não estão ainda adaptados às necessidades de um género com "menos" tempo.

A aplicação de reformas tributárias, dos gastos públicos, da infraestrutura financeira e regulamentos, assim como dos mercados de trabalho também pode revelar-se útil. Oferecer acesso a creches de qualidade e a um custo acessível libera mais mulheres para trabalhar, além de gerar emprego diretamente.

Na área da agricultura, as mulheres representam 43% da mão de obra rural. Mas apesar de seu papel fundamental no setor, elas têm menos chances de possuir ou administrar uma propriedade. Além disso, elas têm menos acesso do que os homens a insumos, serviços, infraestrutura e tecnologias de produção.

Entre os países da América Latina e Caribe, o índice do Brasil é um dos piores e o progresso para combater a desigualdade de gênero é lento. Segundo especialistas, a piora no ranking mostra o efeito de um retrocesso em políticas públicas relacionadas ao tema e a maior taxa de desemprego entre as mulheres na pandemia.

Esta afirmação é fruto das pesquisas realizadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o IBGE, que apontam que as pessoas pretas ou pardas são as que mais sofrem no país com a falta de oportunidades e a má distribuição de renda.

Segundo o estudo, isso se deve à falta de uma reforma tributária aprofundada, além da agrária, que manteve essa desigualdade inalterada ao longo dos últimos anos.

Outro documento, o Relatório de Desenvolvimento Humano (RDH) elaborado pela Organização das Nações Unidas (ONU), que analisa essa concentração de riquezas, coloca o Brasil em segundo lugar no ranking de má distribuição de renda entre a população.

Entre as principais causas dessa desigualdade social no Brasil, estão: concentração de dinheiro e poder, poucas oportunidades de trabalho, má administração dos recursos públicos, pouco investimento em programas culturais e de assistência, baixa remuneração.

O relatório recomenda medidas abrangentes para melhorar a igualdade das condições de trabalho e reformular os papéis de gênero, incluindo: promover a igualdade de remuneração por trabalho de igual valor; abordar as causas profundas da segregação ocupacional e setorial; reconhecer, reduzir e redistribuir as tarefas de ...

Além de ser um direito humano básico, a igualdade entre os sexos foi considerada um dos pilares para a construção de uma sociedade livre, o que é crucial para acelerarmos o desenvolvimento sustentável. Empoderar mulheres e meninas tem um efeito multiplicador e colabora com o crescimento econômico e o progresso.

Eliminar todas as formas de violência contra todas as mulheres e meninas nas esferas públicas e privadas, incluindo o tráfico e exploração sexual e de outros tipos.